Título: No último ato, ataques
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2011, Política, p. 2/3

O ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi atribuiu a uma "saraivada de acusações falsas" sua saída da pasta. Na carta de demissão, o peemedebista afirma que gostaria de permanecer no cargo para "confrontar" as denúncias direcionadas contra ele e o ministério, mas não cita a carona no jatinho revelada pelo Correio. Atendendo a apelo familiar, ele decidiu pedir demissão para preservar parentes e amigos. Aliados do ministro relatam que Rossi chegou abatido ao gabinete do vice-presidente Michel Temer e anunciou ao correligionário que deixaria a pasta, pois sua família reclamou do desgaste da imagem após seguidas denúncias. Temer tentou convencer Rossi a permanecer no cargo, mas o peemedebista estava resoluto. O pedido de sua mulher, Sinei Biancoli Rossi, que estava preocupada com a saúde do marido, pesou na decisão. "Minha família é meu limite. Aos amigos, tudo, menos a honra."

Rossi escreve que sua mulher e seus filhos pediram para que ele deixasse o cargo. "Minha esposa e meus filhos me fizeram carinhosamente um ultimato para que deixasse essa minha luta estoica mas inglória contra forças muito maiores do que eu possa ter. Minha única força é a verdade. Foi o elemento final da minha decisão irrevogável." O ex-ministro reclamou que foi vítima de denúncias sem fundamento que atingiram pessoas de sua relação pessoal. "Contra mim nem uma só acusação conseguiram provar. Mas me fizeram sofrer e aos meus. Não será por qualquer vaidade ou soberba minha que permitirei que levem sofrimento a inocentes."

Na longa carta que sela sua gestão de um ano e meio à frente do Ministério da Agricultura, Rossi afirma que a maioria das acusações contra ele vieram de pessoas que respondem por conduta irregular e que até mesmo inimigos de Ribeirão Preto tiveram voz para relatar problemas em sua gestão. "Usaram para me acusar, sem qualquer prova, pessoas a quem tive de afastar de suas funções por atos irregulares. O principal suspeito de má conduta no setor de licitações passou a ser o acusador de seus pares. Deram voz até a figuras abomináveis que minha cidade já relegou ao sítio dos derrotados e dos invejosos crônicos", ataca o ex-ministro.

Agradecimentos Na despedida, Rossi elogia a atenção que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff dispensam à Agricultura. Setores da citricultura, do café e da pecuária ¿ áreas com que o ex-ministro sempre teve proximidade ¿ foram homenageados na carta de demissão. Rossi lembrou a política do preço mínimo para os produtores de laranja, o consenso na cadeia produtiva do café e a criação de linhas de financiamento para a pecuária e indústria canavieira.

Com a demissão de Wagner Rossi, o cargo de ministro será ocupado interinamente pelo secretário executivo José Gerardo Fontelles.(JJ)