Título: Oposição vê pandemia de denúncias
Autor: Rothenburg
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2011, Política, p. 6

A oposição classificou como "inevitável" e "esperada" a demissão de Wagner Rossi do Ministério da Agricultura. Para deputados oposicionistas, a queda do quarto ministro desde o início do ano sinaliza que o governo Dilma Rousseff está se desintegrando. "As denúncias de corrupção nos ministérios viraram uma pandemia. Toda semana são novas denúncias", argumentou o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). Para ele, tanto o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, quanto o do Turismo, Pedro Novais, estão fragilizados e podem ser os próximos a cair. No Senado, faltam apenas sete assinaturas para que a oposição consiga abrir uma CPI da Corrupção.

Para a oposição, as turbulências no governo são resultado da herança de distribuição de cargos para composição de alianças políticas deixada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Desde o mensalão, em 2005, que o governo entrega os ministérios para aliados, sem respeitar critérios técnicos, o que vai corrompendo toda a estrutura. Daí a impressão de corrupção generalizada", pontua o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP). Para o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), a queda de Rossi era "óbvia, esperada e aguardada ansiosamente".

CPI da Corrupção Os parlamentares cobram agora que as denúncias em todos os ministérios sejam investigadas. Para a oposição, o afastamento dos envolvidos não é suficiente. Para isso, defendem que a instalação de uma CPI é fundamental. Ato realizado na tarde de ontem lançou, oficialmente, a CPI mista da Corrupção, com um site na internet (cpidacorrupcao.blogspot.com). No portal é possível verificar os nomes de parlamentares que assinaram o requerimento de instalação e pressionar aqueles que não incluíram seus nomes. Até a noite de quarta-feira, cerca de 100 assinaturas na Câmara, das 171 necessárias, haviam sido reunidas. No Senado, a oposição conseguiu coletar 20 nomes e está otimista para reunir as sete que faltam. "Agora que os nomes vão aparecer na internet, os parlamentares vão pensar duas vezes antes de retirar a assinatura, como ocorreu no mês passado", disse o senador José Agripino (DEM-RN).

Nos bastidores, lideranças do PR, partido que se declarou independente da base governista, disseram que a queda de Wagner Rossi ainda é pouco, perto do que poderá acontecer nos próximos dias. Para esses parlamentares, a situação no Ministério do Turismo é insustentável. "Foram presas 36 pessoas na operação da Polícia Federal e ninguém foi demitido ainda. Tem algo errado por aí", disse um dos líderes, que considera o governo Dilma Rousseff só turbulência política com as mudanças na Agricultura.