Beira-Mar é condenado outra vez, e pena agora ultrapassa 300 anos

 

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado na madrugada desta quinta-feira a 120 anos de prisão pela morte de quatro bandidos de uma facção rival, durante rebelião no presídio Bangu 1, em 2002. Ele foi sentenciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, ou seja, motivo torpe e sem chance de defesa, contra Ernaldo Pinto Medeiros (Uê), Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi). Para cada crime, o bandido recebeu a pena máxima de 30 anos. Ele está preso desde 2001.

O julgamento começou às 15h25m de quarta-feira e durou mais de dez horas. Como suas condenações anteriores chegavam a quase 200 anos, o traficante agora soma 309 anos e dois meses de pena total. A sentença foi proferida por volta de 1h30m da madrugada desta quinta-feira pelo juiz Fábio Uchôa. O magistrado concluiu que “o réu agiu com intensa culpabilidade, na medida em que exercia uma posição de notório comando junto a uma facção criminosa".

O traficante Fernandinho Beira-Mar logo após receber a condenação de 120 anos - Thiago Lontra / Agência O Globo

Com mais essa condenação, Beira-Mar dificilmente conseguirá qualquer benefício de progressão de pena. É provável que ele tenha que cumprir 30 anos, como estabelece o Código Penal. O advogado do traficante, Maurício Neville, informou que vai recorrer da decisão e tentar um novo julgamento para o seu cliente.

DE VOLTA A RONDÔNIA

Ainda na madrugada, o criminoso retornou ao Presídio Federal de Segurança Máxima de Porto Velho, em Rondônia. O custo total da operação para a vinda do traficante foi de cerca de R$ 120 mil, entre gastos com transporte e diárias de 220 agentes (das polícias Federal, Civil e Militar e do Departamento Penitenciário Nacional), segundo cálculos do “RJ-TV”, da Rede Globo.

No julgamento, o traficante negou ter matado as pessoas e disse que se trancou em sua cela quando a rebelião no presídio Bangu 1 começou.

O traficante Fernandinho Beira-Mar durante o julgamento: sinal de positivo para parentes e amigos no plenário - Antônio Scorza / Agência O Globo

O juiz chamou a atenção de Beira-Mar várias vezes por rir durante a audiência. Ele também chegou a acenar, mandar beijos e fazer o sinal de positivo para parentes e amigos. Em relação ao comportamento, justificou dizendo ao juiz que os sorrisos eram seu jeito de mostrar nervosismo.

Antes de Beira-Mar falar, Uchôa ouviu o depoimento de Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, que cumpre pena e pertencia à quadrilha dos presos assassinados, entre eles Uê. Ele afirmou que havia brigas entre as facções e foi poupado pelos grupo de seis homens encapuzados que invadiu a galeria D do presídio. O bandido disse ainda que Beira-Mar não foi visto armado no motim.

Questionado se considerava o presídio Bangu 1 de segurança máxima, Celsinho foi irônico:

— Segurança máxima? Brincadeira.

Beira-Mar e os outros homens da facção acusada dos crimes estavam na galeria A. Na rebelião, Uê teve o corpo dilacerado e queimado. Também foram mortos dois cunhados de Uê e um comparsa.