Família de presidente ocupa 5 dos 14 cargos da Executiva do PEN

 

SÃO PAULO — Os rumos do Partido Ecológico Nacional (PEN) bem que poderiam ser definidos em um almoço de domingo da família Barroso. Cinco dos 14 membros da Executiva Nacional da legenda são parentes diretos do presidente Adilson.

Rute Oliveira, a mulher do mandatário, acumula a Primeira Secretaria da legenda com a diretoria financeira da Fundação Ecológica Nacional (FEN). O filho, Fernando Barroso, é tesoureiro.

Se Adilson for obrigado a se afastar de suas funções, quem assume o comando do PEN é o seu irmão Rogério Barroso Ferreira, primeiro vice-presidente. Já Aguinaldo Barroso, outro irmão do presidente, ocupa a secretaria de Relações Internacionais.

PARTIDO FAZ CONVENÇÕES NA CHÁCARA DE DIRIGENTE

Além de poder discutir em família os problemas do partido, o presidente do PEN, Adilson Barroso, também costuma usar uma de suas propriedades para realizar as convenções da legenda. Foi na chácara do dirigente em Barrinha, a 350 quilômetros de São Paulo, ao lado da piscina e da churrasqueira, que a sigla definiu, por exemplo, a posição na eleição presidencial do ano passado.

Localizada no meio de um canavial, zona rural da cidade de 30 mil habitantes, a chácara serve como sede de fato do partido, apesar de haver um escritório em Brasília, como exige a lei.

— Não posso fundar um partido e abandonar o meu povo. Tenho que ficar no meu lugar. Por isso eu fiz a sede na minha cidade — afirma Barroso.

A Fundação Ecológica Nacional (FEN), que tem as contas administradas pela mulher de Barroso, também funciona na chácara. Para receber a estrutura partidária, o local passou por um reforma. A piscina tem no fundo a inscrição PEN 51, número oficial da legenda.

— Paguei tudo do meu bolso. Gastei R$ 40 mil — diz o presidente do partido.

Já os equipamentos da sede, inclusive ar-condicionado, foram bancados com dinheiro da legenda e da fundação. O PEN, que obteve registro em junho de 2012, recebeu em 2013 do Fundo Partidário R$ 858,1 mil, dos quais R$ 161 mil foram repassados para a FEN.

— Eu dou a energia de graça, mas não vou dar o computador de graça. O Fundo Partidário é para isso. Eu gostaria de trabalhar sem ar, mas a região de Ribeirão Preto é quente.

Barroso também argumenta que ele e os outros dirigentes, inclusive seus familiares, não possuem salário:

— Muitos partidos pagam salários de R$ 10 mil para primeiro-secretário (cargo de sua mulher). Não tenho um membro do partido que tem salário, nem eu. Pega outros presidentes de partidos, e eles têm salários gordos, inclusive nos partidos corruptos que tem por aí.

O presidente alega que nomeou os parentes por falta de opção:

— Quando eu formei (o partido), não aparecia muita gente, então a gente tem que aproveitar o que aparece.

Barroso diz que está tirando os parentes da Executiva para abrir espaço para liderança:

— Como é parente, tenho mais facilidade para conseguir isso (fazer a troca).