Título: Inflação na meta
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2011, Economia, p. 15

O bolso do consumidor terá um alívio neste ano, garantiu ontem o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, durante seminário organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Pelos cálculos dele, de setembro de 2011 a abril do próximo ano, a inflação mensal irá para níveis compatíveis com a meta, para algo em torno de 0,38% ao mês. Ele afirmou ainda que, no período, a carestia acumulada em 12 meses irá baixar dois pontos percentuais, batendo no centro do objetivo oficial, de 4,5%. "O desconforto inflacionário sumiu", disse.

Apesar da certeza de Tombini, baseada na redução dos preços de produtos básicos no mercado mundial, a pressão sobre o orçamento das famílias ainda não foi totalmente dizimada. Após dois meses em queda, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), voltou a subir, puxada pela aceleração temporária de alguns alimentos. O indicador mais usado para reajuste de aluguéis subiu 0,22% na primeira prévia de agosto, depois de recuar 0,21% em igual período do mês passado.

Um dos três indicadores que compõem o levantamento do IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,07%, ante uma queda de 0,2% na leitura anterior. Aluguel residencial, planos de saúde e leite foram as maiores influências. Mesmo com essas elevações, os indicadores se encontram em níveis inferiores aos registrados no início do ano.

Entre as despesas pessoais, a maior pressão continua a vir do grupo alimentação (-1,09% para -0,25%), com destaque para frutas (-5,22% para 1,24%), laticínios (-0,60% para 0,57%) e carnes bovinas (-0,78% para -0,12%). Outras altas vieram de transportes (-0,36% para 0,12%) e despesas diversas (0,05% para 0,08%). Na contramão, registraram recuo os grupos vestuário (0,89% para 0,25%), educação, leitura e recreação (0,08% para -0,02%) e saúde e cuidados pessoais (0,42% para 0,39%). O grupo habitação manteve a variação apurada no mês anterior, 0,25%.

"As altas de preço ou as quedas menores estão bem espalhadas no setor de alimentação. Acho difícil mudar esse cenário a curto prazo", avaliou Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV. Ele ressaltou que insumos industriais dão sinais de baixa, sob impacto do esfriamento na economia global. "Há dois movimentos conflitantes na indústria: insumos químicos e siderúrgicos recuam e alimentos industrializados sobem."