Valor econômico, v. 15, n. 3742, 24/04/2015. Empresas, p. B6

 

Produção da Petrobras cresce menos

 

Por André Ramalho, Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito | Do Rio

A Petrobras ainda trabalha para concluir em maio seu novo plano de negócios, mas já sinalizou que ao menos quatro plataformas, previstas para entrarem em operação em 2016 devem ser adiadas, comprometendo a curva de produção futura projetada anteriormente. Com os atrasos, a previsão é aumentar em 2,7% a produção total de petróleo no ano que vem, nível que frustrou o mercado.

Previstas inicialmente para 2016, as plataformas P-66, P-67, P-74 e da P-75 saíram do radar das projeções da estatal. O novo cronograma ainda não foi confirmado.

Segundo a Standard & Poors, a perspectiva negativa para a companhia está mantida e continua a refletir incertezas de médio-prazo, como a capacidade da companhia de elevar sua produção (ver Agência mantém ratings após balanço). Para o Bradesco, a divulgação do balanço auditado não ajuda a Petrobras a superar problemas estruturais, como a queda do preço do barril e a previsão de crescimento mais baixo.

"Esses 4,5% [meta de crescimento da produção em 2015] mostram uma aceleração de queda. Quando observado a média de produção de dezembro [de 2014], se ela fosse mantida durante todo o ano [de 2015], o crescimento [da produção] chegaria a 8,8% frente à média de 2014", ponderou o analista Auro Rozembaum, do Bradesco, durante teleconferência da diretoria a petroleira com analistas.

De acordo com a empresa, estão previstas para o ano que vem as plataformas Cidade de Maricá (que produzirá em Lula Alto), Cidade de Saquarema (Lula Central), Cidade de Caraguatatuba (Lapa) e o Teste de Longa Duração de Libra. Juntos, esses projetos devem contribuir para elevar a produção de petróleo da companhia no Brasil em 2,7%, para uma média de 2,185 mil barris/dia em 2016. Para este ano, a meta de 4,5%, para 2,125 mil barris/dia, está mantida.

Não bastasse a postergação de unidades de produção, a Petrobras convive, ainda, com problemas técnicos em projetos importantes como Roncador, maior campo produtor de óleo do país, onde a estatal identificou um "déficit" na injeção de água no campo. A situação impediu o aumento da produção local e duas plataformas com capacidade de produzir 360 mil barris (P-55 e P-62) estão ociosas, como ressaltou o analista do Bradesco. A diretora de exploração e produção, Solange Guedes, disse que a estatal decidiu fazer uma remodelagem do reservatório.

Some-se a isso o declínio da produção no pós-sal. De acordo com informações divulgadas por Solange, a expectativa da empresa é que o declínio dos campos em produção totalize cerca de 200 mil barris/dia em 2015. Está fazendo falta agora o petróleo que em dezembro estava sendo produzido pela FPSO Marlim Sul, cujo contrato com a SBM não foi renovado.

"Temos de considerar muito fortemente nosso declínio. Para chegarmos à nossa meta de 2,125 mil barris/dia ao fim do ano, estamos repondo 280 mil barris por dia este ano", afirmou Solange.

Com o adiamento das plataformas, então previstas para 2016, a Petrobras adia projetos de Lula Sul e Lula Norte e de Búzios, na cessão onerosa. As obras de integração dos módulos da P-66 e P-67 estão a cargo da Brasfels e do consórcio Mendes Jr / OSX. Já a integração da P-74 está sob responsabilidade da Toyo Setal, enquanto a P-75 estava a cargo da QGI (Queiroz Galvão e Iesa), que desistiu do contrato.