Título: Ministro vai à Câmara
Autor: Pariz, Tiago; Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2011, Política, p. 2

Uma audiência conjunta das comissões de Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle da Câmara vai ouvir o ministro do Turismo, Pedro Novais, na próxima semana. O convite foi aprovado ontem, com a benção do PMDB, que prepara uma blindagem partidária ao indicado da sigla, convocando seus integrantes a lotarem a reunião e fazerem declarações de apoio ao titular da pasta.

Prevendo o clima de beija-mão que começa a ser montado para a audiência, a oposição quer aumentar a ofensiva e incluir a senadora Marta Suplicy (PT-SP) no grupo de pessoas convidadas a prestar esclarecimentos sobre os desvios de cerca de R$ 4 milhões de emendas parlamentares liberadas pelo Ministério do Turismo. A base aliada, no entanto, resiste ao requerimento, alegando que as irregularidades foram cometidas na gestão do sucessor da petista, Luiz Barretto. "Convocar o Barretto, tudo bem. Mas insistir na convocação da senadora é querer dar a essa história um contexto político maior. Até porque, trazê-la é colocar uma pontecial candidata à Prefeitura de São Paulo nesse ringue", argumentou Edson Santos (PT-RJ).

Marta está nervosa. Ontem, a senadora divulgou nota, por intermédio de sua assessoria de imprensa, acusando a oposição o PSDB de querer antecipar a campanha eleitoral. "Não é fácil, a cara dela apareceu no Jornal nacional", justificou um aliado histórico. Segundo um petista, o ex-presidente da Embratur, Mário Moyses, detido na Operação Voucher, é um nome muito ligado à senadora petista.

Por enquanto, os deputados aceitaram os argumentos dos petistas e aprovaram o convite apenas a Barretto, que sucedeu a senadora no comando do ministério, e estaria no cargo na época em que as irregularidades foram praticadas. A ida de Suplicy às comissões da Câmara é tratada pelos peemedebistas como uma carta na manga contra o PT. O entendimento é de que, pelo menos por enquanto, não é necessária. Uma situação que pode mudar, caso as denúncias no ministério do Turismo comecem a parecer perseguição aos integrantes do partido ou uma tentativa de denegrir a imagem da legenda.

Das 36 pessoas presas na Operação Voucher na terça,18 já tinham sido libertadas ontem, depois de prestar depoimentos. Outros 18 acusados, entre os quais o secretário executivo do ministério, Frederico da Silva Costa, permanecem detidos no Instituto Penitenciário do Amapá, aguardando julgamento dos pedidos de habeas corpus.

Juiz que determinou prisões deixa o caso O juiz federal Anselmo Gonçalves da Silva, da 1ª Vara da Seção Judiciária do Amapá, que determinou a prisão de 38 suspeitos de desvios no Ministério do Turismo, deixou o caso ontem. Segundo a direção da 1ª Vara, a alteração é administrativa e o juiz federal substituto, Mauro Henrique Vieira, assumiu os trabalhos. De acordo com a Justiça, por força regimental, processos que terminam com número ímpar (é o caso da Operação Voucher) ficam a cargo do juiz substituto, enquanto os pares se destinam ao titular. No entanto, a vaga de substituto estava aberta até 27 de julho, o que forçou Anselmo a acumular tarefas.