MP questiona conforto de futura cela de Pizzolato

 

O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato ainda nem chegou da Itália para cumprir pena no Brasil, mas o pavilhão que vai recebê-lo no Complexo da Papuda, em Brasília, já é alvo de questionamentos do Ministério Público (MP) do Distrito Federal. O órgão pediu informações sobre “itens de conforto diferenciado” e considera que o sistema penitenciário local confere “tratamento privilegiado” ao manter, no local em que cabem 60 presos, apenas quatro: os condenados no mensalão Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, o ex-deputado Natan Donadon (condenado por peculato) e José Carlos Alves dos Santos, envolvido no escândalo dos anões do Orçamento.

 

As dez celas da ala foram reformadas em 2014. Elas têm portas de madeira no banheiro, vasos e pias de louça, cerâmica em parte do piso, chuveiro quente e beliche. O primeiro detento do local — Luiz Estevão — ficou por cerca de quatro meses sozinho.

Em ofício de 11 de março, antes mesmo de a Itália decidir extraditar Pizzolato, o MP pediu à Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF (Sesipe) que preencha as vagas ociosas da ala com outros presos, o que não foi feito até hoje.

“A manutenção de número reduzidíssimo de reeducandos (condenados por crimes conhecidos como de colarinho branco) em uma ala cujas celas, além de possuírem melhores condições, comportariam quantidade muito maior de pessoas, importa por vias transversas em conferir tratamento privilegiado”, diz o documento.

O MP também ressalta que todos os presos na ala têm “perfil socioeconômico semelhante e inequivocamente destoante da maioria da população carcerária”. O chefe da Sesipe, João Lóssio, disse que não comentaria o assunto por “questões de segurança”.