Título: Euro está ameaçado
Autor: D'Angelo, Ana; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 07/08/2011, Economia, p. 14

O novelo de incertezas no qual a Europa tem se emaranhado começa a levantar dúvidas sobre a sobrevida do euro, moeda comum criada há mais de uma década e utilizada em 17 dos 27 países da União Europeia (UE). "A situação é muito séria porque a crise que vem de 2008 está se prorrogando e colocou a nu as imperfeições da implantação do euro", destaca o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Renato Flores.

"Todos os países-membros violaram os critérios do Tratado de Maastricht", afirma Flores, em referência ao documento assinado em fevereiro de 1992 na Holanda e que deu origem à União Europeia. Apesar da unificação da moeda, cada país administra seu orçamento de forma independente. "O euro é uma moeda que tem uma base absolutamente esquizofrênica", assinala.

José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, acredita que o fim do euro seria o melhor para Europa. "Há um ano, me chamavam de maluco quan-do dizia que o euro ia acabar. O fim da moeda é uma possibilidade mais plausível do ponto de vista fiscal", justifica. Flores alerta que países como Alemanha e França, apesar do risco de contágio, têm procurado se proteger dos seus vizinhos. "Os alemães já começaram a diversificar suas exportações. Está se projetando cada vez mais para a Ásia e aumentando seus investimentos nos países emergentes, como o Brasil", diz.

O professor da FGV defende que a UE reavalie os membros da Zona do Euro. "No mínimo, a Grécia teria que sair." No seu entender, para equilibrar a economia da região seria necessário promover uma desvalorização do euro, hoje cotado a 1,42 por dólar. "Mas não vejo o Banco Central Europeu com coragem para isso." (AD e RH)