Bancada do PDT ataca ajuste e ‘receituário neoliberal’ de Levy

Ricardo Della Coletta

 

 Integrante da base da presidente Dilma Rousseff, a bancada do PDT na Câmara divulgou nota ontem na qual critica o aumento da taxa básica de juros e reafirma sua posição contrária ao “receituário neoliberal” do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

O comunicado é assinado pelo líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), que lamenta a nova elevação da taxa Selic pelo Banco Central, desta vez para 13,75% ao ano. “Já não há mais como esconder que a opção do governo em render-se ao mercado financeiro se mostra definitiva”, argumenta o parlamentar.

Mesmo no controle do Ministério do Trabalho, o PDT se opôs de forma ferrenha, no Congresso, às duas medidas do ajuste fiscal que endureceram o acesso a benefícios trabalhistas. Durante a tramitação na Câmara, o partido fechou questão contra as propostas encampadas pelo Palácio do Planalto e votou em peso para tentar derrubá-las. Elas acabaram sendo aprovadas pelo Legislativo e foram enviadas para a sanção da presidente Dilma Rousseff.

Figueiredo alega que, cada vez mais, a política do segundo mandato da petista se identifica com a de “governos passados que mantiveram o Brasil em longos períodos de recessão e aprofundaram a desigualdade e a exclusão social”. “A recente aprovação das MPs 664 e 665, que limitam o acesso ao seguro desemprego e cortam as pensões das viúvas, e os cortes no Orçamento de 2015, que inviabilizam os investimentos e até a manutenção da infraestrutura da educação, saúde e programas sociais, confirmam isso.”

O deputado afirma ainda que o PDT vai continuar caminhando “na contramão” da atual política econômica. “Cada vez mais o PDT expressa sua oposição a Joaquim Levy e seu receituário neoliberal. Definitivamente, não somos iguais e não caminharemos juntos.”

Mercado. Figueiredo disse que o PDT, embora da base governista, não vai abrir mão das críticas à política econômica. “Queremos divergir por dentro”, disse. “É uma reafirmação de como consideramos absurda a política econômica do ministro Levy, que não tem efeito nenhum a não ser agradar ao mercado financeiro, o único setor que vibra com isso”, destacou, referindo-se ao aumento dos juros.