Suspeita de superbactéria fecha hospital em Taguatinga

Lígia Formenti

 

O Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal, foi fechado e os atendimentos da clínica médica, ortopedia, cardiologia e cirurgia geral foram suspensos após suspeita de surto provocado por bactérias multirresistentes. As suspeitas tiveram início na quinta-feira, com a chegada de uma paciente com KPC, bactéria resistente à maior parte dos antibióticos disponíveis no mercado.

Depois disso, 25 pacientes tiveram amostras coletadas. Cinco deles permanecem em isolamento. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, porém, descartou nesta segunda-feira, 1º, a existência de um surto.

Do grupo sob suspeita, três pessoas morreram, incluindo a paciente com KPC, de 79 anos, no domingo. Os demais óbitos foram de duas mulheres, de 70 e 80 anos. Laudos indicam, no entanto, que as duas pacientes eram portadoras de bactéria enterococo resistente. “Não há como afirmar que as mortes aconteceram em virtude das bactérias”, afirmou ontem a coordenadora de Infectologia da Secretaria de Saúde do DF, Maria de Lourdes Lopes.

 

Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal

Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal

 

As três pacientes apresentavam saúde frágil. A primeira vítima havia sofrido uma fratura. A paciente com 70 anos tinha insuficiência renal, hipertensão e cardiopatia. A de 80 anos tinha doença pulmonar e era hipertensa. Outros cinco pacientes apresentam exames positivos para enterococo resistente. Estão em observação e serão transferidos para o ambulatório de clínica médica, onde o tratamento deverá continuar. Os demais pacientes podem ser liberados, assim que os outros problemas de saúde que apresentam forem resolvidos. 

As salas deverão passar por uma higienização. A expectativa da Secretaria de Saúde é de que o pronto-socorro seja reaberto hoje. A notícia do fechamento do local, onde diariamente são atendidas cerca de 300 pessoas, provocou alvoroço em Taguatinga e no Distrito Federal.

Brasília já havia registrado, em 2010, um surto provocado por KPC. Na ocasião, 17 hospitais apresentaram registros de casos de contaminação pela bactéria, que sofreu uma mutação genética e se tornou resistente a uma grande quantidade de antibióticos. Ao todo, foram 108 casos suspeitos, com 18 mortes. Após o surto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um documento no qual recomendava instituições de saúde a isolar pacientes com suspeita de KPC.

A bactéria. A KPC é uma cepa da Klebisiella pneumoniae, resistente a uma classe de antibióticos chamada carbapenemas, usada em um amplo espectro de tratamentos. De acordo com a Anvisa, não há atualmente um registro sobre casos de infecção provocado pela bactéria, isolada pela primeira vez por cientistas em 2005. O Hospital das Clínicas de São Paulo, por exemplo, registrou 70 casos entre 2008 e 2010. Nesse período, houve 24 mortes suspeitas.