Título: Seremos sempre AAA
Autor: Cristino, Vânia; Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2011, Economia, p. 9

Washington ¿ O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi à TV, ontem, para defender o crédito dos Estados Unidos, depois de a agência Standard & Poor"s, na última sexta-feira, ter rebaixado a nota atribuída à dívida pública do país. "Não importa o que uma agência (de risco) diga, fomos e sempre seremos um país triplo A", disse Obama, ao argumentar que a economia americana ainda é um dos investimentos mais seguros do mundo.

A S&P reclassificou os títulos do Tesouro americano do tradicional "AAA" para o nível "AA ", um degrau mais baixo, por considerar que as perspectivas das contas públicas do país para os próximos anos não são favoráveis. O presidente norte-americano afirmou que os problemas da economia são "solucionáveis", se houver vontade política. Ele informou que apresentará "nas próximas semanas" suas próprias propostas para reduzir o deficit e pediu que os republicanos concordem em aumentar os impostos para os americanos mais ricos.

O discurso, no entanto, não foi capaz de elevar o ânimo dos mercados. Imediatamente após a fala de Obama, o índice Dow Jones Industrial Average, da Bolsa de Nova York, manteve a queda de 4,5%. O índice ampliado Standard and Poor"s 500 perdia 5,7% enquanto o Nasdaq caía 5,6%.

Esse foi o primeiro pronunciamento público do presidente norte-americano depois do rebaixamento da dívida. Apesar das palavras de confiança, ele reconheceu que a forte divisão política em Washington mina os esforços para retomar a economia e convocou todas as partes a se unirem em uma solução equilibrada para aliviar o deficit público, que deve atingir US$ 1,6 trilhão neste ano.

Compromisso De acordo com Obama, a solução está em uma combinação de aumento de impostos e pequenos cortes nos programas de saúde. "Não são necessárias medidas radicais para realizar essas reformas. É preciso consenso e compromisso", disse ele.

Essa é mesma fórmula já apresentada por Obama, sem sucesso, nas negociações com a oposição para elevar o teto do endividamento do governo. Os republicanos exigiam um corte profundo no orçamento, sem aumento de impostos, enquanto os democratas temiam que os programas de assistência social fossem afetados. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. Não houve aumento de impostos e os dois lados concordaram em fazer cortes mais moderados nas despesas.