Título: Dilma pede cautela
Autor: Cristino, Vânia; Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2011, Economia, p. 9

A presidente Dilma Rousseff quer evitar medidas que, para conter os eventuais efeitos das turbulências globais no país, provoquem uma recessão. "Repudiamos todas as soluções recessivas para a crise mundial. Elas acirram o custo social dos ajustes, transferindo-os para os segmentos sociais menos protegidos, com destruição do emprego e redução do estado de bem-estar", disse, durante almoço oferecido ao primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, que está em visita oficial. Ela pediu "cautela e observação", mas incentivou o brasileiro a não deixar de consumir, repetindo o conselho dado por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008.

"Temos de continuar trabalhando, criando riquezas, distribuindo renda e criando empregos. É esse o caminho", disse. Dilma afirmou, entretanto, que o Brasil não está totalmente livre de turbulências. "Para dizer que somos imunes à crise, é preciso a ação do governo, dos empresários e da sociedade. Uma ação de seriedade, de firmeza e, sobretudo, de percepção de que não podemos, neste momento, brincar, sair por aí gastando o que não temos."

A presidente fez severas críticas à agência Standard & Poor"s (S&P), que rebaixou a nota dos Estados Unidos, e enfatizou que o Brasil está hoje mais bem preparado para enfrentar a crise do que em 2008 e 2009. Com o Brasil como o quarto maior detentor de títulos norte-americanos, ela afirmou que as avaliações do Ministério da Fazenda sobre a decisão da S&P mostraram que a agência "errou".

"Não compartilhamos com a avaliação precipitada, tanto quanto rápida e, diria assim, não correta da agência que diminuiu o grau de valorização de crédito dos EUA", disse. Mais tarde, em entrevista coletiva, ela acrescentou que "não se pode, num momento desses, ficar tomando medidas que não têm base real".

Assim como Lula fez em tantas ocasiões, Dilma defendeu a posição do Brasil num cenário de instabilidade internacional. "É a segunda vez que a crise afeta o mundo e, pela segunda vez, o Brasil não treme", disse. Segundo ela, o país conta hoje com mais .reservas do que a do fim de 2008.