Título: Hora de investir
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2011, Economia, p. 10
O primeiro dia de pregão após a agência de classificação de risco Standard&Poor"s rebaixar a nota dos Estados Unidos, pela primeira vez na história, foi tenso nas bolsas de valores, que desabaram ontem feito dominó, deixando os mercados mais uma vez em polvorosa. No entanto, é possível tirar leite de pedra dessa situação que parece caótica e ninguém sabe ao certo para onde vai. Especialistas avisam que o pequeno investidor mais conservador deve manter cautela. Agora, os mais agressivos podem arriscar e aproveitar as pechinchas no mercado de ações, que não são poucas. Mas, para isso, é bom não sair às cegas, consultar um especialista e usar apenas uma reserva que não comprometerá o orçamento doméstico.
"Se ele (o brasileiro) investe em renda fixa (poupança, fundos pré-fixados e CDB), deve ficar onde está e aproveitar os juros altos. Ainda não está certo que rumo o mercado vai tomar. Agora, se ele tiver paciência e coração forte, este é o momento para apostar na bolsa. As ações estão a preço de banana", alertou o economista da corretora Prosper Demetrius Lucindo. "Quem não tem dinheiro sobrando nem se preocupa com essas coisas. Mas quem tiver pelo menos R$ 10 mil em reservas e puder esperar um pouco, não vai se arrepender", completou.
O analista sênior da TOV Corretora André Mello também concorda que agora é a hora para se investir nas bolsas. Os dois especialistas, inclusive, acreditam que os preços das ações voltarão a subir. "Na verdade, a nota ainda é elevada e o dinheiro que iria para os títulos americanos não tem para onde ir", analisou Mello. Na avaliação do analista, as bolsas voltarão a subir porque a crise agora é do governo, não do setor privado, como ocorreu em 2008, quando houve a quebradeira dos bancos. "A maioria (das empresas listadas em bolsa) está dando lucro, não somente aqui, mas também lá fora", completou.
Escolher qual empresa investir é o desafio neste momento. Mello, da TOV, dá a dica: "Escolha ações de companhias que dão lucro e pagam dividendos, como a Petrobras, a Vale, a Gerdau e a Usiminas. Essas estão baratas e há empresas que pagam bem mais até que os fundos de renda fixa", explicou ele, citando como exemplo os papéis da Eletropaulo. "Temos recomendado bastante para nossos clientes comprarem ações dessa empresa", disse.
Moody"s mantém classificação Levando em conta o dólar, a gestão de endividamento e o debate político, a agência de avaliação financeira Moody"s analisou ontem a situação dos EUA para justificar sua decisão de continuar classificando a nota da dívida do país em AAA, a melhor possível. "Apesar de as perspectivas econômicas de curto prazo ainda mostrarem uma certa debilidade, cremos que, no longo prazo, ela voltará a ser favorável para muitas outras economias desenvolvidas. Isso oferece uma base sólida às finanças públicas dos Estados Unidos", explicou a agência, ressaltando ainda que a dívida norte-americana não é incontrolável.