Título: Agências acusadas
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2011, Economia, p. 10
As agências de classificação de risco são acusadas por alguns operadores de manipular o mercado ao divulgar suas notas, influenciando na cotação dos papéis de empresas e de governos. Para tentar monitorar de perto essas companhias que atuam livremente no mercado brasileiro, sem nenhum tipo de amarra, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela fiscalização do mercado de capitais, prepara uma proposta de regulamentação. Só que a passos lentos. "A base da norma estará voltada para a transparência de informação, para que as agências divulguem suas políticas de gerenciamento de conflitos de interesses, para assim dar maior confiabilidade ao mercado", comentou a superintendente de Desenvolvimento de Mercado da CVM, Flavia Mouta Fernandes.
A expectativa de Flavia é que a regra seja editada no início de 2012. No entanto, o processo ainda se encontra na fase de elaboração da minuta, devendo ser levado a consulta pública "nos próximos meses". "As primeiras discussões para regulamentação das agências começaram em 2004. Estamos trabalhando há bastante tempo nesse processo, mas o efeito da crise não acelera esse processo regulatório", explicou Flavia. Os Estados Unidos criaram regras para o setor há cinco anos, e a União Europeia, há dois.
As notas que as agências dão às empresas e aos países são resultado do trabalho de ao menos dois analistas que utilizam, como base, informações públicas. A maioria dos governos e de empresas paga para que elas classifiquem os riscos de suas dívidas. A avaliação é sobre capacidade do contratante de honrar compromissos. Quanto maior, menor o risco de calote. A lista com o ranking vai de um triplo A positivo (AAA ) até D, a pior, que significa quebra. A análise é usada para nortear a escolha dos títulos pelos investidores, mas muitas vezes é falha, como se viu com os bancos norte-americanos em 2008.