Título: Nota brasileira pode melhorar
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2011, Economia, p. 10
O corte da nota soberana dos Estados Unidos pode ter implicações negativas em países emergentes, mas o cenário para a classificação do governo brasileiro segue positivo, afirmou um executivo da agência Standard & Poor"s. "Temos uma perspectiva positiva para o Brasil, que ainda tem chance de continuar subindo", disse o analista responsável pelo rating do Brasil, Sebastian Briozzo. Para ele, alguns países com notas mais baixas poderão sofrer. Para captar recursos nos mercados internacionais, muitos Tesouros pagam o equivalente ao cobrado dos títulos norte-americanos mais um prêmio proporcional ao risco.
Se os Estados Unidos forem obrigados a pagar mais para captar, o efeito indireto pode ser o encarecimento dos empréstimos para outros governos com notas de crédito mais baixas. Mas o analista da S&P avalia que isso não acontecerá nos títulos brasileiros"Para o Brasil, não haverá efeito sobre as taxas de juros nos papéis do país", garantiu Briozzo. Em maio passado, a agência revisou de "estável" para "positiva" a perspectiva para o rating de crédito de longo prazo do Brasil, que está desde abril de 2008 em "BBB-" ¿ menor nível da faixa de investimento de baixo risco.
A perspectiva positiva significa que a nota do país pode ser elevada pela agência num prazo de 6 a 24 meses. Outras duas importantes agências de rating ¿ Moody"s e Fitch ¿ também classificam o Brasil como grau de investimento, com notas "Baa3" (perspectiva positiva) e "BBB" (perspectiva estável), respectivamente.
Em artigo publicado no jornal The New York Times, o economista Paul Krugman, que já foi laureado com o Prêmio Nobel, questionou a credibilidade da S&P. "Ela tem uma credibilidade até menor (que a dos EUA). É o último lugar a que alguém deve recorrer para julgamentos sobre o futuro da nossa nação", disse. Ele lembrou que a agência desempenhou um papel importante na eclosão da crise em 2008 ao dar nota AAA para ativos lastreados em hipotecas podres, o que contribuiu para detonar a explosão da bolha imobiliária. (RH)
Dias difíceis Os economistas da agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) prevêem dias difíceis para os Estados Unidos nos próximos meses. "Na nossa visão, qualquer cenário indica que o governo aumentará o deficit. O plano de consolidação fiscal que o Congresso e a Casa Branca negociaram não é suficiente para estabilizar a dinâmica da dívida pública no médio prazo", disse o diretor da S&P David Beers. Ele sinalizou que a companhia, que acaba de reduzir a classificação dos EUA, ainda poderá rebaixar o rating de longo prazo nos próximos dois anos caso a redução dos gastos seja menor do que o acertado.