Braga defende que Petrobras não seja operadora única do pré-sal

 

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga disse, neste domingo, em entrevista à agência de notícias Bloomberg que defende que a Petrobras não seja mais obrigada a participar de todos os novos leilões de exploração de blocos do pré-sal. Pelo atual marco regulatório do pré-sal, a Petrobras é a operadora única, ou seja, a estatal precisa dar lances com participação de ao menos 30% em todos os blocos oferecidos pelo governo.

— Eu defendo o direito da Petrobras de optar por não participar — afirmou o ministro, que está em Houston participando da maior feira internacional do setor de petróleo, a Offshore Technology Conference (OTC).

Na entrevista, Braga destacou que o Congresso está aberto a discutir a atual exigência legal. E afirmou que as regras precisam ser revistas antes dos novos leilões do pré-sal. Braga disse ainda que as próximas ofertas do governo no pré-sal, previstas para irem ao mercado no ano que vem, podem ser adiadas para 2017.

Haverá uma rodada de licitações de petróleo este ano, que não inclui áreas do pré-sal, e a previsão do governo é arrecadar ao menos R$ 2 bilhões em bônus de assinatura, recursos que devem ajudar o país a alcançar sua meta de superávit fiscal primário.

Em Houston, Braga vai se encontrar com executivos de BP, Chevron, Total e Shell e tentará atrair investimentos para a próxima rodada de licitações. Ele acredita que a crise que se abateu sobre a Petrobras, devido aos escândalos de corrupção, podem ser uma oportunidade para as empresas estrangeiras.

Braga afirmou que a indústria de petróleo no Brasil é maior do que o escândalo de corrupção.

Na entrevista à Bloomberg, o ministro também disse que a Petrobras precisa ter liberdade para definir sua política de preços. E que a transparência nessa área é importante para atrair investimentos. Braga garantiu que “a realidade mudou” em relação à política anterior do governo, de maior interferência nas decisões sobre os preços de combustíveis.

‘ESTRANGEIROS SÃO BEM-VINDOS'

“Os fatos vão mostrar” que a Petrobras tem mais liberdade para decidir seus preços, afirmou o ministro, destacando que hoje não há mais uma defasagem entre o valor dos combustíveis no Brasil e no exterior.

— A realidade hoje é atrair investimentos. Não há como a Petrobras realizar todos os investimentos necessários para a economia brasileira e para o setor de refino na indústria de petróleo — disse o ministro. — As empresas estrangeiras são muito bem-vindas — acrescentou.

ESCÂNDALO É OPORTUNIDADE PARA ESTRANGEIRAS

Para o ministro, o escândalo de corrupção na Petrobras pode ser uma oportunidade para as empresas internacionais, incluindo fornecedores.

— Tamanho do potencial é muito maior do que a Lava Jato — observou.

Braga acredita que a Petrobras pode ter que adiar o crescimento da curva de produção, afetada pelas dificuldades com fornecedores.

Ainda sobre o escândalo de corrupção, o ministro foi categórico ao dizer que os empreiteiros envolvidos terão que assinar acordos de leniência:

— Não há alternativa.

A respeito da compra da BG pela Shell, Braga opinou que a anglo holandesa vai ter papel de liderança no setor de óleo e gás do Brasil..