PF vê tentativa de 'supressão de provas' e, bilhete escrio por empreiteiro preso

Ricardo Brandt

 

A Polícia Federal tem identificados em laudo pericial pelo menos US$ 7 milhões da suposta propina paga pela Construtora Norberto Odebrecht no esquema de cartel e desvios na Petrobrás. São 24 registros de transações bancárias, entre 3 de abril de 2009 e 18 de maio 2012, descobertos a partir das confissões e documentos obtidos pela Operação Lava Jato.

Apesar de ser uma fração dos R$ 500 milhões que a empreiteira pode ter pago no esquema de cartel e corrupção da Petrobrás, investigadores da Lava Jato acreditam que elas servem de base para trilhar o caminho do dinheiro que circulou em contas secretas no exterior supostamente por ordem da empreiteira. O operador desses recursos seria o doleiro Bernardo Freiburghaus - que mora na Suíça e é considerado foragido.

O levantamento consta de tabela elaborada pela PF anexada ao pedido de prisão do presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, e de outros executivos e pessoas ligadas ao grupo. A construtora e a Andrade Gutierrez são os alvo da Operação Erga Omne - 14.ª fase da Lava Jato -, deflagrada na sexta-feira.

A tabela trata de pagamentos que teriam como beneficiários os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque, o ex-gerente Pedro Barusco e o doleiro Alberto Youssef.

Um dos objetivos foi tentar identificar “depósitos de valores em contas mantidas no exterior” relacionados à Odebrecht. A maior parte dos valores está com origem identificada: a offshore Constructora Internacional Del Sur, aberta no Panamá, em 2006. Ela é apontada pelos beneficiários da propina como canal de pagamento da Odebrecht no esquema de corrupção da Petrobrás.

“Em alguns casos, não foi possível identificar dados pertinentes, tais como Instituição Financeira do remetente, nome do remetente e conta bancária”, informa o laudo solicitado pelos delegados Igor Romário de Paula e Eduardo Mauat da Silva.

A Odebrecht divulgou nota em que afirma não ter feito qualquer pagamento à Construtora Internacional del Sur e que “não possui, nem nunca possuiu, qualquer vínculo com a empresa”. “Portanto, não são verdadeiras as notícias que vêm sendo veiculadas que atribuem à empresa a responsabilidade por pagamentos efetuados no exterior aos réus confessos Alberto Youssef e Pedro Barusco”, diz o comunicado.