Título: América Latina une as forças
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Fonte: Correio Braziliense, 13/08/2011, Economia, p. 12

Economias da região decidem ampliar mecanismo anticrise para evitar contágio

Os governos dos países sul-americanos decidiram se armar para combater eventuais efeitos do agravamento da crise nos Estados Unidos e na Europa. Em reunião ontem, os ministros de Finanças da região resolveram ampliar o fundo anticrise, que passará a contar com a participação do Brasil e da Argentina e terá um aporte maior de recursos. O dinheiro do Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar) poderá ser emprestado para as nações que venham a experimentar dificuldades no pagamento de compromissos externos ou que sofram com uma eventual escassez de linhas internacionais de financiamento.

"Foi definido que o Flar vai fazer um roadshow em vários países, incluindo o Brasil", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair de um encontro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), na capital argentina. "Tenho conversado com o presidente do Flar sobre as condições para nos juntarmos." O fundo tem US$ 4,4 bilhões em recursos e é formado por Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela. Ele foi criado em 1978, em parte para ajudar os países-membros a equilibrarem seu balanço de pagamentos ou reestruturarem suas dívidas por meio de linhas de crédito facilitadas. Para integrá-lo, os países devem pagar cotas de US$ 125 milhões a US$ 500 milhões.

Mantega afirmou que as nações da região deveriam aproveitar sua solidez fiscal e se preparar para uma possível piora nas condições do mercado. "Temos de nos preparar para um longo período de crise nos países avançados, de modo a aproveitar a situação hoje existente na América Latina", disse o ministro aos colegas dos 11 outros membros da Unasul. Segundo ele, as economias da região são mais sólidas porque conseguiram crescer num ritmo maior, combinado com a melhora nas condições fiscais e controle da inflação. "Temos de garantir que nossa região seja um dos polos de desenvolvimento mundial." Para isso, ele receitou mais integração.

Atenção Em São Paulo, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reiterou que a situação externa exige atenção, mas não chega a ser uma nova crise. "Não podemos configurar como um ambiente de crise. É um ambiente de condições que se deterioram, mas não vemos os episódios que vimos em 2008", disse, num seminário. "O Brasil está preparado para esse ambiente internacional mais complexo e mais difícil para todos." Segundo ele, o país tem defesas, como o regime de câmbio flutuante e o sistema bancário "bastante capitalizado". Tombini acredita que a economia global vai crescer menos que o esperado, mas o desempenho dos emergentes continuará sendo bom.

Juros preferenciais O Banco Central vai passar a divulgar mensalmente, a partir de setembro, o valor da taxa de juros preferencial, que espelha a taxa cobrada pelos bancos das grandes empresas consideradas de menor risco. O objetivo é dar uma referência para as companhias negociarem os encargos. O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a taxa será comparável à "prime rate" adotada em outros países.