Título: Fuga dos emergentes
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Fonte: Correio Braziliense, 13/08/2011, Economia, p. 10
» O agravamento da desconfiança sobre a capacidade dos governos de muitos países desenvolvidos pagarem suas dívidas fez com que os mercados oscilassem de forma tão intensa nesta semana, que os investidores desencadearam um movimento de fuga dos mercados emergentes que não se via com a mesma intensidade desde janeiro de 2008.
Até ontem, havia sido computada a saída de US$ 18 bilhões, entre recursos de fundos de ações e de investimento em capital de risco (private equity) voltados especificamente para os países em desenvolvimento, conforme relatório divulgado pela Barclays Capitals, empresa do grupo britânico de mesmo nome que comprou o Lehman Brothers ¿ banco norte-americano cuja quebra, em setembro de 2008, transformou a crise do mercado hipotecário nos Estados Unidos numa turbulência mundial.
O relatório, feito com base em dados da EPFR Global, indicou que somente a saída dos recursos dos fundos de ações de empresas de países emergentes totalizou US$ 7 bilhões na semana. Outros US$ 7,76 bilhões foram transferidos de fundos de private equity específicos para essas economias. Os US$ 3,24 bilhões restantes eram de fundos de aplicações de longo prazo nesses mercados. A América Latina teve saídas líquidas de US$ 692 milhões, informou o relatório, que aponta os países asiáticos como os mais afetados pela fuga de capitais. A Rússia perdeu US$ 412 milhões, enfrentando a pior semana desde junho de 2006.
O levantamento da Barclays Capital atribuiu a debandada à tentativa de reduzir a exposição nos países considerados de maior risco, caso dos emergentes. "Trata-se de uma fuga momentânea. Esse capital irá voltar facilmente", disse uma fonte de um banco estrangeiro.
O quadro também foi sombrio para os Estados Unidos, que tiveram, na semana passada, a nota de sua dívida pública rebaixada pela primeira vez na história. A maior economia do planeta viu os investidores retirarem US$ 11,7 bilhões de fundos de investimento do país.