Título: Recuperação momentânea
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Fonte: Correio Braziliense, 13/08/2011, Economia, p. 10

Depois de fortes oscilações, bolsas de valores revertem as perdas da semana com boas notícias sobre a economia norte-americana

Depois de uma semana agitada, marcada pelo sobe e desce consecutivo dos pregões, as principais bolsas de valores conseguiram reverter as perdas expressivas sofridas nos dias anteriores e fecharam ontem no azul, beneficiadas por novos indicadores positivos sobre a economia dos Estados Unidos.

No embalo de alta dos mercados internacionais, o Índice Bovespa terminou a sexta-feira com alta de 0,24%. Com a valorização, a bolsa paulista, que na quinta-feira teve a ajuda dos grandes fundos de pensão de empresas estatais, conseguiu terminar a semana com saldo positivo de 1%.

Ontem, a notícia de que as vendas do varejo nos Estados Unidos aumentaram 0,5% em julho animou os mercados, compensando o efeito negativo provocado pela queda no índice de confiança do consumidor dos EUA, medido pela Universidade de Michigan. O indicador caiu de 63,7 para 54,9 pontos, o menor nível desde 1980.

Também ajudou a desanuviar o ambiente o anúncio das autoridades reguladoras da Espanha, Itália e Bélgica de que vão proibir as operações de venda de ações a descoberto ¿ aquelas em que os especuladores vendem os títulos sem tê-los em carteira, acreditando que, mais à frente, vão poder comprá-los a preços mais baixos e entregá-los, com lucro, na data do vencimento.

As bolsas europeias fecharam em alta generalizada após a Itália, um dos países mais endividados da Zona do Euro, ter anunciado planos concretos de cortes no orçamento. A Bolsa de Paris, por exemplo, subiu 4,02%. Madri saltou 4,82% e Frankfurt, 3,45%.

Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 1,13% e o Nasdaq, das companhias de tecnologia, 0,61%. Apesar da retomada na quinta e na sexta-feira, os dois indicadores não conseguiram reverter as perdas da semana e acumularam queda de 1,53% e de 0,94%, respectivamente.

"O que aconteceu esta semana assustou, foi muito violento. Mas vários ativos estão melhores do que estavam antes. Acho que ainda não estamos próximos de uma crise. Até mesmo a fuga de capitais dos mercados emergentes é um efeito colateral de um momento de pânico", afirmou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. "Obviamente, se essa oscilação continuar por muito tempo, ela pode descambar para uma crise financeira, mas não como foi em 2008", completou.

A nuvem de desconfiança, entretanto, não se dissipou, devido aos riscos de recessão nos Estados Unidos e Europa. Para o analista da Rockwell Global Capital, Peter Cardillo, a melhora das bolsas está longe de ser definitiva.