Título: Sem equipamento, a fila cresce
Autor: Pompeu, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 19/08/2011, Cidades, p. 23

Com um dos três aparelhos de radioterapia do DF quebrado há 62 dias, lista de espera para tratamento de câncer já tem 180 pacientes. O Hospital de Base diz que a máquina deve voltar a funcionar em setembro, mas a Secretaria de Saúde fixa prazo até outubro » O Distrito Federal está sem um dos três únicos aparelhos para radioterapia que tem disponíveis. Um deles fica no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e o Hospital de Base (HBDF), referência quando o assunto é câncer, conta com outros dois. Há 62 dias, um dos equipamentos do HBDF está quebrado. Com isso, a lista de espera na central de regulação ¿ que coordena a distribuição dos pacientes entre as duas unidades de saúde ¿ já chega a 180 pacientes. A previsão é de que volte a funcionar em setembro, de acordo com o chefe da radioterapia do Base, Expedito Ulisses de Carvalho. Já a Secretaria de Saúde do DF estima que em outubro a máquina esteja em pleno funcionamento. A pasta informou também que o aparelho está em manutenção e necessita de peças importadas, o que tem provocado a demora.

O chefe da radiologia informou que as peças necessárias para o conserto do equipamento chegam nas próximas segunda e quinta-feira. "A fila está aumentando muito. Hoje, nós temos, dentro da unidade, 50 pacientes esperando radioterapia", afirma. Cada máquina tem capacidade para atender de 50 a 55 pacientes por dia. Segundo Expedito Ulisses, um paciente, depois de diagnosticado, deveria iniciar o tratamento dentro de 15 a 20 dias. No Hospital de Base, quem descobre ter câncer, espera dois meses. "Trabalhamos em dois turnos. Teríamos que trabalhar em três turnos para reduzir essa demanda."

Chefe da oncologia do HUB, Murilo Buso diz que a estimativa é de que seja necessário um aparelho para cada 500 mil pessoas. "Se você retirar a população que não depende do SUS no DF, que fica em torno de 2 milhões, o ideal seriam quatro aparelhos. Nós temos três. Com um parado, a capacidade de atendimento fica reduzida pela metade", calcula o médico. "Essas máquinas são limitadas. Não é igual a uma tomografia. Radioterapia dura de quatro a seis semanas. Quando você inclui um paciente, ele vai usar o aparelho por um período", afirma.

"É só se programar" Buso critica a falta de planejamento. Este ano, 5.930 casos da doença devem ser registrados no Brasil, segundo previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde. "Existem dados que permitem saber o quanto se vai demandar de tratamento. Então, é só se programar. Mas faltam aparelhos no DF há 10 anos. A equipe toda fica angustiada, mas não tem jeito. É um drama", lamenta. Segundo ele, uma semana pode ser crucial para o índice de cura de um paciente.

Ele explica que existem quatro tipos de radioterapia. Na preparatória, o paciente recebe o tratamento a fim de ser preparado para cirurgia. No tipo curativo, ela é o principal tratamento e, na de urgência, quando o paciente sente dor, só a radioterapia reduz o sofrimento. A quarta radioterapia é a complementar. Em todos os casos, à medida que o tratamento atrasa, a qualidade de vida do paciente cai, assim como o índice de cura dele, dependendo da gravidade do caso.

A Gerência de Câncer da Secretaria de Saúde, por meio de nota, esclarece que, "no intuito de oferecer melhor suporte à população, busca a contratação de empresas privadas para que realizem esse serviço de forma conveniada com o SUS". De acordo com a assessoria de imprensa, o gerente de Câncer, Arturo Santana Otaño, considerou que não era necessário dar entrevista, pois tudo já estaria respondido na nota e não havia mais nada a acrescentar. No ano passado, a doença provocou a morte de 784 pessoas no DF, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS.

Opção de tratamento É um tratamento no qual se utilizam radiações para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. Essas radiações não são vistas e durante a aplicação o paciente não sente nada. A radioterapia pode ser usada em combinação com a quimioterapia ou outros recursos empregados no tratamento dos tumores. Metade dos pacientes com câncer são tratados com radiações, e é cada vez maior o número de pessoas que ficam curadas com esse método. Quando não é possível obter a cura, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

Pronto-socorro será reaberto O pronto-socorro do Hospital Regional de Planaltina (HRP), fechado há cinco meses para reforma, vai ser reaberto hoje, às 10h. A emergência não passava por reparos desde a inauguração, em 1988. Além da reforma estrutural, novas unidades ¿ de ortopedia e pediatria ¿ foram instaladas. A obra custou R$ 1,8 milhão. O hospital ainda recebeu mais 29 profissionais e 10 médicos estenderam a carga horária de 20 para 40 horas. O HRP sofre com o problema da superlotação. O pronto-socorro atende uma média de 900 pacientes por dia. Para tentar amenizar o problema, o Governo do Distrito Federal vai inaugurar, também na manhã de hoje, o novo prédio do Centro de Saúde nº 03. Uma equipe de 65 profissionais vai atender até 4 mil pessoas por mês nas áreas de clínica médica, ginecologia, odontologia, nutrição e assistência social.