Valor econômico, v. 16, n. 3753, 12/05/2015. Brasil, p. A2

 

Nível dos reservatórios do Sudeste mantém alta em maio, diz ONS

 

Por Rodrigo Polito | Do Rio

O nível de armazenamento dos reservatórios hidrelétricos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra 70% da capacidade de armazenamento do país, acumula alta de 1,1 ponto percentual em maio, primeiro mês do período seco. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as usinas das duas regiões estão com 34,6% de armazenamento. Na última sexta-feira, o operador elevou a expectativa de estoque nos reservatórios das usinas do Sudeste/Centro-Oeste no fim de maio, de 35,6% para 36,1%.

No Nordeste, onde a situação é crítica, os reservatórios já indicam trajetória de queda, de 0,4 ponto percentual, em maio. Segundo o ONS, os lagos das usinas da região estão com 27,1% da capacidade de armazenamento. Na sexta-feira, o órgão reduziu a estimativa de estoque na região no fim do mês, de 28,6% para 26,7%.

O ONS também registra queda acumulada de 1,6 ponto percentual no estoque dos reservatórios hidrelétricos da região Sul. Segundo o operador, os lagos das usinas da região estão com 32,6% da capacidade. A estimativa do órgão é que os reservatórios do Sul alcancem 42,3% de estoque no último dia de maio, contra 45,2% da previsão anterior. Com relação ao Norte, a estimativa do operador é que os reservatórios terminem o mês com 82,6% da capacidade, ante a previsão anterior de 81,4%. Os lagos das usinas da região marcam 81,9% de armazenamento atualmente, com alta acumulada em maio de 0,8 ponto percentual.

Segundo a consultoria GV Energy & Associados, a revisão para baixo das projeções do consumo de energia para 2015 divulgadas na última semana pelo ONS possibilitaram um "grande alívio" ao sistema nacional. "Contudo ainda há forte dependência das chuvas no período úmido entre 2015 e 2016", informou a empresa, em relatório.

Na última semana, o ONS e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) oficializaram a revisão da expectativa do consumo de energia para 2015. Com a mudança, a previsão do crescimento do consumo neste ano, em relação a 2014, passou de 3,2% para apenas 0,1%.

A nova estimativa faz parte do Planejamento Anual da Operação Energética 2015-2019. Na prática, isso quer dizer que o ONS enxerga menor necessidade de guardar água nos reservatórios para os próximos anos, devido a uma expectativa mais fraca de consumo, o que poderá diminuir a pressão sobre o custo marginal de operação (CMO) e, consequentemente, do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), o preço de energia de curto prazo.

Para o período 2015-2019, o ONS e a EPE passaram a prever um crescimento médio do consumo de energia anual de 3,3% para o sistema brasileiro. A queda se deve a uma deterioração do cenário econômico do país. Em abril, o consumo de energia no sistema foi de 63.894 megawatts (MW) médios, queda de 1,3% ante igual período de 2014

Segundo a GV Energy & Associados, é de 5% a probabilidade de ocorrência de déficit de energia superior a 5% da carga do sistema nacional. O indicador é 9 pontos percentuais menor em relação à probabilidade divulgada em abril.