Título: Mercado derruba PIB mundial
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 19/08/2011, Economia, p. 10

Em meio às turbulências, instituições e especialistas refazem contas e revisam para baixo o crescimento de 2011 e 2012

Diante da expectativa de que a economia global caminha para o abismo, um pessimismo generalizado assolou o mercado internacional ontem. O banco norte-americano Morgan Stanley foi categórico ao afirmar que os Estados Unidos e a Zona do Euro estão "perigosamente perto" de uma recessão. O ex-presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, engrossou o coro dos mensageiros do apocalipse. Admitiu existir razão para os temores em relação à Zona do Euro. "Vamos abrir os olhos: o euro e a Europa estão à beira do abismo. E, para não cairmos, a opção me parece simples: ou os países membros aceitam reforçar a cooperação econômica ou dão maiores poderes à UE", disse.

Em um artigo publicado simultaneamente nos jornais Le Soir, da Bélgica, e Le Temps, da Suíça, Delors também considerou insuficiente a reação das autoridades do bloco, em termos de cooperação econômica. Na onda do tsunami do descrédito, o Morgan Stanley cortou de 4,2% para 3,9% a estimativa de aumento do PIB mundial neste ano. Para 2012, a previsão era de uma alta de 4,5%. Agora, passou para 3,8%. "Nossas previsões revisadas mostram os EUA e a Zona do Euro perigosamente perto de uma recessão nos próximos seis a 12 meses", disse o vice-diretor da equipe global de economia do banco, Joachim Fels. A instituição criticou as autoridades de Washington e da Europa por não agirem de forma mais decisiva a fim de conter a crise da dívida pública.

No Brasil A Economist Intelligence Unity (EIU), centro de pesquisa ligado à revista The Economist, também cortou a expectativa para o avanço do PIB de diversas regiões do planeta. Após as notícias sobre grandes economias europeias, a instituição projetou números ainda mais desanimadora em relação ao que havia apresentado em julho: reduziu a previsão de crescimento global deste ano de 4,1% para 3,6%, e de 2012, de 4,2% para 3,5%. "Os riscos de uma contração estão aumentando. Nos Estados Unidos, a probabilidade de ela ocorrer é de 40%", afirmou Robert Wood, economista-sênior da EIU para a América Latina. No Brasil, segundo ele, o risco também existe ¿ chega a 33%.

A Ásia continuará ajudando a manter o mundo em crescimento, mas as maiores potências, como China e Índia, vão avançar menos, especialmente no ano que vem ¿ é daí que virá a contaminação do Brasil. A EIU prevê um recuo de 8,7% para 8,5% no PIB chinês no ano que vem. Para este ano, a taxa deve se manter em 9%. Quanto ao Brasil, Wood revelou que está reduzindo as projeções para a expansão deste ano de 4% para 3,75%. Para 2012, o índice deverá ficar em 3,6%. "O Brasil está relativamente bem colocado para enfrentar uma desaceleração global, mas ele certamente sofrerá o impacto. Mas a intensidade dependerá da virulência dessa recessão", afirmou.

Em queda - (Em %) As novas projeções para a economia

2011 - 2012

PIB Mundo - 3,6 - 3,5 Estados Unidos - 1,7 - 1,0 Zona do Euro - 2,0 - 1,2 América Latina - 4,2 - 3,8 Brasil - 3,7 - 3,6 China - 9,0 - 8,5 Índia - 7,9 - 8,2