O globo, n. 29947, 04/08/2015. Economia, p. 18

Clientes só devem ver mudanças em 2016, após concluída a compra

JOÃO SORIMA NETO       Colaborou Lucas Moretzsohn
 

Sindicatos temem que aquisição possa levar a demissões no HSBC

-SÃO PAULO- A compra do HSBC pelo Bradesco não implicará, por ora, em mudanças para os clientes. Isso vale mesmo para operações no exterior feitas antes por correntistas do HSBC, como saques sem custo, transferência de valores e facilidades no intercâmbio entre contas. Depois de concluída a transação, em 2016, a operação das duas instituições será unificada. O Bradesco, porém, não deu detalhes sobre quando ou como será feita essa integração dos serviços.

CARLOS IVANBancos. Operações serão unificadas, mas Bradesco ainda não deu detalhes

Para os clientes corporativos, que contavam com a estrutura internacional no HSBC, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirma que o banco tem escritórios em Nova York, Tóquio e Hong Kong para atendê-los. O Bradesco não opera com varejo no exterior, nem tem projetos para o mercado externo nesse segmento, segundo Trabuco.

Perguntado se a compra poderia provocar demissões ou fechamento de agências do HSBC, Trabuco disse que não se faz uma aquisição desse porte pensando nesses tópicos.

Só depois do término da integração, o Bradesco poderá dar mais detalhes, disse Trabuco, que não soube informar o futuro do centro administrativo do HSBC em Curitiba.

O Sindicato dos Bancários informou que se reuniria com a direção do Bradesco para pedir a manutenção dos empregos. O HSBC tem pouco mais de 20 mil funcionários no Brasil. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten, que também participará da reunião, o objetivo é garantir um compromisso com o emprego e os direitos:

— Quando o processo de venda se consolidar, nós queremos acompanhar o processo para garantir que direitos e o emprego não sejam dissipados.

Já Gladir Basso, presidente da Federação dos Bancários do Paraná, local da sede do HSBC, chama a atenção para o histórico das fusões e aquisições de bancos.

— No passado, houve milhares de demissões — afirma Basso.

Para Basso, a lucratividade dos bancos no primeiro semestre do ano mostra que eles não passam por dificuldades a ponto de cortar funcionários. E, com os novos clientes, é necessário um quadro capaz de atender à demanda.

Analistas acreditam que os cortes de vagas serão inevitáveis, mas avaliam que esse ajuste não deve ocorrer imediatamente, mas sim a médio prazo.