O globo, n. 29887, 05/06/2015. Rio, p. 8

Cerca de 50 mil participam de procissão de Corpus Christi

Simone Candida

Fiéis tomam as ruas do Centro; dom Orani pede paz para a cidade

“Por que não podemos viver em paz sempre, nas ruas e nos ônibus, no metrô e nas barcas?” Dom Orani Tempesta
Arcebispo do Rio

O entorno da Catedral de São Sebastião, na Avenida Chile, no Centro, amanheceu ontem repleto de católicos, que levantaram cedo para manter viva a tradição de preparar o colorido tapete pelo qual passa a procissão de Corpus Christi. Este ano, mais de 60 desenhos feitos por paróquias de vários bairros formaram um imenso caminho de sal, corante e serragem. Com o tema: “Eucaristia, alimento para a esperança”, a celebração reuniu, segundo a Arquidiocese, mais de 50 mil pessoas, que partiram da Igreja da Candelária. Dez toneladas de alimentos não perecíveis foram doadas e serão entregues a instituições de caridade.

DOMINGOS PEIXOTO Tradição mantida. Dom Orani conduz a procissão: católicos fizeram um imenso tapete de sal

Após a procissão, durante a missa realizada no fim da tarde, o arcebispo do Rio, cardeal Dom Orani João Tempesta, conclamou os fiéis a praticarem o bem:

— O mundo de hoje procura soluções violentas para a violência, mas não sabe que, assim, ela aumenta muito mais. Jesus nos lembrava com muita clareza: “Fazei o bem a quem vos faz o mal. Perdoai e amai vossos inimigos’’.

APELO POR MAIS TRANQUILIDADE

Dom Orani falou sobre os recentes casos de violência que vêm assustando os cariocas. Segundo ele, andar com tranquilidade pelas ruas da cidade deveria ser uma regra.

— Foi bom podermos andar pelas ruas do Centro despreocupadamente, um ao lado do outro, sabendo que conosco estavam pessoas de bem. Se houvesse alguém com outras intenções, seria contagiado pelo bem. Nós rezamos por todos — afirmou o cardeal, acrescentando: — Por que não pode ser sempre assim? Por que não podemos viver em paz sempre, nas ruas e nos ônibus, no metrô e nas barcas?

Um grupo de 20 jovens da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do bairro do Pechincha, em Jacarepaguá, chegou ao Centro pouco antes das 6h e ajudou a dar forma ao tapete da procissão.

— Retratamos, em um dos tapetes, o beato Pier Giorgio Frassati, jovem italiano que praticou muita caridade e morreu cedo. Várias pessoas passaram por aqui e perguntaram quem ele era. Aproveitamos a oportunidade para informar e repassar a palavra de Deus — disse o estudante de arquitetura Philipe Chagas.

Um outro desenho que chamou a atenção foi feito pela Pastoral da População de Rua.

— Nossa missão é dizer para as pessoas que ninguém está nas ruas porque quer. No desenho de três metros de largura e dois de comprimento, retratamos a parábola do bom samaritano, que encontrou um homem ferido e o ajudou mesmo sem conhecê-lo — disse Fernanda da Cruz, integrante da pastoral.