Título: BC libera 95% das notas
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 20/08/2011, Economia, p. 19

Apenas 5% das cédulas suspeitas de terem sido inutilizadas por mecanismos antifurto estão sob análise

A população entregou aos bancos, nos últimos três meses, 27.997 cédulas suspeitas de terem perdido o valor porque tinham manchas cor-de-rosa semelhantes às produzidas pela tinta usada pelos bancos em dispositivos antifurto para inibir o arrombamento ou a explosão dos caixas eletrônicos. Todo esse dinheiro foi encaminhado pela rede bancária ao Banco Central, mas, segundo o diretor de Administração do BC, Altamir Lopes, 95% das cédulas foram devolvidas aos depositantes porque não apresentavam nenhum problema. Apenas 5% foram retidas e estão sob análise do Departamento do Meio Circulante.

As cédulas efetivamente manchadas pelos dispositivos antifurto eram referentes a apenas 40 operações de saques nos caixas ou terminais da Rede 24 Horas. Nesse caso, os portadores foram imediatamente ressarcidos, conforme determina a circular do BC que trata dessa questão. Até que o governo baixasse a regra, os bancos relutavam em cobrir o prejuízo dos clientes. A circular diz claramente que, "na hipótese de saque, inclusive em terminais de autoatendimento, em que tenha sido recebida cédula suspeita de ter sido danificada por acionamento de dispositivo antifurto, a instituição financeira deverá proceder, às suas expensas, à substituição da cédula suspeita por outra cédula em boas condições de uso, imediatamente após sua apresentação pelo cliente".

Tratamento diferente tem o dinheiro manchado que as pessoas recebem em outra circunstância, como em transações no comércio. Também nesse caso o cidadão deve procurar uma agência bancária e entregar a cédula, que será enviada para análise do BC. Se ficar comprovado que a mancha não foi provocada por mecanismo antifurto, o cidadão será ressarcido pelo banco. Se a mancha foi causada por esse tipo de dispositivo, não haverá reembolso, pois o dinheiro pode ter sido obtido por uma ação criminosa. Para evitar prejuízo, o BC orienta a população a não aceitar notas queimadas ou manchadas de rosa.

Fraudes eletrônicas aumentam Os bancos estão perdendo muito dinheiro com as fraudes eletrônicas. Levantamento divulgado ontem pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) calcula esse prejuízo em R$ 685 milhões só no primeiro semestre deste ano, um aumento de 36% em relação aos R$ 504 milhões apurados no mesmo período de 2010. O diretor técnico da Febraban, Wilson Gutierrez, atribuiu o aumento ao uso crescente dos meios eletrônicos como forma de pagamento, à falta de uma legislação que iniba a ação dos criminosos e também ao fato de muitos clientes da rede bancária serem descuidados com os procedimentos de segurança. Os bancos são obrigados a ressarcir os clientes se eles provarem que foram lesados por terceiros.