STJ quebra sigilos de Pezão e Cabral

Objetivo é apurar denúncia feita por Paulo Roberto Costa. Segundo delator, peemedebistas teriam recebido R$ 30 milhões em propina

04/06/2015
LAVA-JATO 

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou ontem a quebra de sigilo telefônico do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); do ex-governador, Sérgio Cabral (PMDB), e do então secretário da Casa Civil do estado durante a gestão de Cabral, Regis Fichtner. A autorização foi dada pelo relator do inquérito daLava-Jato no qual os três são investigados, Luís Felipe Salomão, em resposta a um pedido da Polícia Federal. A força-tarefa quer averiguar as ligações telefônicas feitas entre os três e um grupo de empreiteiros investigados no inquérito, que também tiveram os sigilos quebrados.

O período a ser analisado vai de outubro de 2009 até o fim de 2014. O objetivo é averiguar uma denúncia apresentada em março pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em delação premiada, Costa disse que teria arrecadado cerca de R$ 30 milhões em recursos não declarados para a chapa de Cabral e Pezão nas eleições de 2010, quando os dois venceram a disputa para o governo do Rio. Segundo a denúncia de Costa, Fichtner teria operacionalizado os repasses de dinheiro, que teriam origem no esquema criminoso instalado na Petrobras.

Neste momento, o inquérito está em fase de instrução no STJ. O tribunal superior já recolheu oitivas dos delatores do esquema — inclusive Costa — e outras testemunhas, incluindo funcionários das empreiteiras acusadas de envolvimento no escândalo. Além dos peemedebistas, o STJ também conduz inquérito para investigar o governador do Acre, Tião Vianna (PT). A vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, endossou a quebra do sigilo.

“Acusação falsa”

Assim como Vianna, os três negam as denúncias. Pezão afirmou que a acusação é falsa. “Eu já havia me colocado à disposição da Justiça, e assim permaneço. E reafirmo que a acusação é falsa e essa conversa nunca existiu. Meus sigilos telefônico e bancário estão à disposição”, disse ele, por meio da assessoria. Em nota, Cabral afirmou que respeita a decisão do relator. Ele também classificou de “mentira” a denúncia de Costa. “Diante das inverdades ditas pelo delator Paulo Roberto Costa, cabe à Justiça investigar os fatos. A quebra de sigilo telefônico, diante disso, é natural e servirá apenas para demonstrar que jamais falei com ele ao telefone sobre qualquer assunto”, afirmou Régis Fichtner.