Título: Recursos vieram por emendas
Autor: Rizzo, Alana; Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 10/08/2011, Política, p. 2

Os repasses aplicados de forma irregular, segundo a PF, foram direcionados ao ministério pela deputada federal Fátima Pelaes

A deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) é autora das duas emendas que favoreceram a entidade privada alvo de operação da Polícia Federal ontem, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). As emendas, de R$ 4 milhões, foram apresentadas ao orçamento de 2009 e aplicadas em convênios ainda em vigência para a capacitação de profissionais no Amapá. A parlamentar também direcionou outros R$ 5 milhões nas contas de 2010.

Depois da operação da PF, a peemedebista evitou a imprensa durante todo o dia. Somente no início da noite, a assessoria emitiu uma nota em que a parlamentar afirmava não ser responsável pela liberação, pagamento, execução e fiscalização do convênio entre o órgão público e a entidade. No texto, a deputada disse ainda que, após as denúncias, solicitou ao ministério "uma rigorosa análise técnica e jurídica e o que ainda couber".

Levantamento da Câmara mostra que, em 2009, cerca de R$ 7,4 milhões em emendas de autoria de Fátima Pelaes foram destinadas a contratos de ONGs e prefeituras no Amapá com o Ministério do Turismo. Em 2010, outros R$ 7,5 milhões tiveram o mesmo destino. Entre as entidades favorecidas estão a Associação Comunitária do Estado do Amapá e as prefeituras municipais de Santana, Cutias e Oiapoque.

Desmandos O deputado Chico Alencar (PSol-RJ), autor de requerimento de informações sobre convênios do Ministério do Turismo, aponta que as emendas de Fátima Pelaes seriam apenas uma pequena parte das fraudes. "Tenho fundadas razões para acreditar que há muito mais desmando estrutural no órgão. A cúpula do ministério está toda conivente com isso. Entendo que o ministro está comprometido", disse.

Caciques do PR, partido que foi devassado do Ministério do Transporte recentemente, afirmam que o ministro Pedro Novais (PMDB), afilhado político de José Sarney, foi "virtualmente" derrubado hoje com a operação da Polícia Federal. Mas acreditam que Novais deverá ser preservado no cargo e que existe uma clara diferença entre o tratamento que o governo tem dado às denúncias em ministérios do PMDB.