30 jun 2015
CRISTIANE JUNGBLUT, ISABEL BRAGA E SÉRGIO ROXO
-BRASÍLIA E SÃO PAULO- O líder do PT no Senado, Humberto Costa ( PE), criticou ontem o que chamou de vazamento seletivo da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, e afirmou que houve “abusos” da Polícia Federal na investigação da Operação Lava-Jato. Para ele, não há problema em cobrar do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, explicações sobre as ações da PF, embora defenda que ela deva manter autonomia.
— Obviamente que em algumas ações realizadas houve, sem dúvida, determinado grau de abuso. Não estranha que o PT faça isso. Cobrar isso do ministro da Justiça não me parece o fim do mundo — disse Costa.
Para o líder petista, não há motivo para o afastamento dos ministros Edinho Silva (Comunicação) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) pelo fato de terem sido citados em depoimento de Pessoa. O dono da UTC disse que Edinho Silva, como tesoureiro de Dilma, recebeu R$ 7,5 milhões, e Mercadante, R$ 500 mil em duas parcelas. Os dois afirmaram que as doações foram legais e estão registradas na prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Não creio em nenhum afastamento, até porque é apenas a palavra de um delator — afirmou Costa.
No fim de semana, Cardozo disse que a delação premiada poderia ser cancelada se as informações prestadas por Pessoa não forem verdadeiras.
Em meio à crise política, o PT decidiu retomar os encontros com os ministros do governo federal. A ideia é reaproximar a legenda dos seus 13 representantes no primeiro escalão. As conversas, de acordo com petistas, vão abordar a conjuntura política e os temas relacionados à cada pasta.
Florisvaldo Souza, secretário de organização do PT, descarta uma cobrança a Cardozo pela atuação da PF, órgão subordinado ao Ministério da Justiça, alegando que o partido não tem autoridade para isso, mas admite que as queixas serão expostas: — Ele é o ministro da pauta. A decisão de convidar os ministros foi tomada na reunião da Executiva do PT, na última quinta-feira. Não há ainda data para os encontros ocorrerem.
— Vamos chamá- los para discutir política. Um diálogo natural e normal. A intenção é debater e aproximá-los da atividade partidária — afirma Florisvaldo.