Valor econômico, v. 16, n. 3786, 27/06/2015. Empresas, p. B4

 

 Eletronuclear busca mais recursos para Angra 3

 

Por Rodrigo Polito e Rodrigo Rocha | Do Rio e de São Paulo

A Eletronuclear, braço de geração de energia nuclear da Eletrobras, prevê concluir em breve as negociações para regularizar o financiamento das obras da usina nuclear de Angra 3, de R$ 14,9 bilhões de investimentos. Com isso, a empresa espera que seja normalizado o fornecimento de materiais e serviços para a termelétrica.

Na sexta-feira, a francesa Areva, uma das maiores fabricantes de equipamentos de geração de energia nuclear do mundo e um dos principais fornecedores de Angra 3, informou que reduziu temporariamente as atividades na construção da usina. Segundo a empresa, o motivo são os "atrasos verificados na obtenção de financiamento para o restante das atividades do projeto".

A Areva acrescentou que, assim que a Eletronuclear garantir uma solução financeira sustentável, irá retomar todas as atividades do projeto. A companhia assinou em 2013 um acordo para o fornecimento de serviços de engenharia e componentes, bem como instrumentação e controle do sistema do reator da usina.

Em meados de junho, o diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, contou ao Valor que os recursos do financiamento assinado com a Caixa Econômica Federal estavam para ser liberados. O montante, de R$ 3,8 bilhões, é destinado aos componentes importados do empreendimento.

A Eletronuclear também aguarda a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do novo valor da tarifa de energia de Angra 3. Com a medida, a companhia terá condições de negociar um complemento do financiamento da parte nacional da usina com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Terceira usina nuclear brasileira, Angra 3 será construída em Angra dos Reis, litoral Sul do Rio de Janeiro e terá 1.405 megawatts (MW) de capacidade instalada. A expectativa da Eletronuclear é que o empreendimento entre em operação comercial no segundo semestre de 2018.

Com relação a usina de Angra 1, a companhia estima retomar a operação da termelétrica hoje. A termonuclear teve a produção de energia interrompida em 7 de maio para realização de uma manutenção programada.

Com 640 MW de potência, a usina estava prevista para reiniciar a operação em 14 de junho. O cronograma, porém, foi prejudicado pela greve dos funcionários da Eletrobras, pelo acordo de participação nos lucros e resultados (PLR), encerrada na última semana.