Título: PR decide repensar independência
Autor: Lyra, Paulo De Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 20/08/2011, Política, p. 6

Lincoln Portela disse que Planalto pediu volta da legenda à base

Depois de anunciar que estaria fora da base aliada, o PR reiniciou ontem um novo flerte com o Palácio do Planalto. Chamadas para uma conversa com a ministra Ideli Salvatti, de Relações Institucionais, lideranças da legenda na Câmara adotaram um discurso bem mais amigável e prometem iniciar uma rodada de negociações para acalmar os ânimos dentro do partido. O deputado Luciano Castro (PR-RR) trabalhará como conciliador e diz que dará início às conversas, apesar de adiantar que pregar a reconciliação será uma missão difícil. "Eu disse que essa história é como um casal que se separa. Se eles insistem em fazer as pazes antes de cicatrizar as feridas, tudo vai dar errado novamente. Mas vou fazer o meu papel e tentar melhorar as relações", conta.

Apesar do discurso de que convencer seus pares a reverem a revolta com o Executivo é uma missão difícil, Castro disse que não deixará o cargo de vice-líder do governo na Câmara e negou qualquer vinculação entre o abandono à base e sua permanência na função. "A indicação do meu nome para a liderança não foi do partido, foi um convite pessoal da presidente", argumentou. Para o parlamentar, sair da vice-liderança seria uma descortesia com a presidente Dilma Rousseff.

As sinalizações de que a saída da base pode ter sido apenas um teatro da legenda, que não tem interesse de se distanciar do poder, vieram de todos os lados. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), afirmou que o encontro foi uma sinalização de reconhecimento da importância que o partido tem para o governo. Até o senador Alfredo Nascimento (AM), que foi afastado do Ministério dos Transportes, admitiu para parlamentares que, apesar de magoado, entendia o gesto da ministra como uma sinalização de boa vontade. "Ela disse que nós sempre fomos companheiros de primeira hora, que sempre confiou no partido, que estamos há muitos anos juntos nesse projeto político e que não seria um bom momento para a gente deixar a base. Recebemos esse gesto com simpatia e muita honra, pois vemos que o partido tem importância para o governo", disse o líder.

Na conversa com a ministra, os integrantes do partido informaram à ministra que, apesar da boa vontade de alguns para "reintegrar" a base, seria preciso longas conversas com integrantes da legenda. Tudo porque a decisão de romper se consolidou após conversas com todos os deputados, senadores e a executiva nacional. Assim, para voltar atrás, precisariam de uma nova rodada de negociações, o que levaria tempo. "Não temos como sair da base numa semana e voltar na outra. Vamos levar o assunto para o partido, será o mesmo procedimento utilizado na decisão de independência", destacou Portela.