Encíclica: Papa culpa atividade humana por aquecimento global

16 jun 2015

Em rascunho do documento, Pontífice defende a redução da emissão de carbono

Em um rascunho da encíclica sobre o meio ambiente, publicado na versão on- line da revista italiana “L’Espresso”, o Papa Francisco chama o aquecimento global de uma grande ameaça à vida no planeta, diz que o fenômeno ocorre principalmente devido à atividade humana e descreve a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis como uma questão “urgente”.

As palavras do Pontífice aparecem no rascunho de

(“Seja louvado”), encíclica muito aguardada, que será o primeiro documento do tipo que um Pontífice dedica ao tema do meio ambiente. O texto foi publicado três dias antes da data prevista. Por isso, o porta- voz do Vaticano, Federico Lombardi, fez questão de alertar, em um comunicado, que o texto divulgado pela “L’Espresso” não era o documento final, e que este permanecerá sob embargo até quinta- feira.

POLÍTICAS URGENTES

Enquanto reconhece que as causas naturais, incluindo a atividade vulcânica, desempenham um papel relevante nas mudanças climáticas, o Papa Francisco destaca que “numerosos estudos científicos indicam que a maior parte do aquecimento global, em décadas recentes, ocorre por causa da grande concentração de gases de efeito estufa ( dióxido de carbono, metano, óxido de nitrogênio e outros), emitidos acima de tudo devido à atividade humana”.

No rascunho, o Papa Francisco escreve sobre a existência de um “consenso científico muito consistente de que estamos na presença de um aquecimento alarmante do sistema climático”.

O Pontífice alerta ainda que há uma necessidade “urgente e convincente” de políticas que reduzam as emissões de carbono, entre outras formas, por “substituição de combustíveis fósseis e desenvolvimento de fontes renováveis de energia”.

JULGAMENTO POR PEDOFILIA

O Vaticano anunciou ontem que vai realizar pela primeira vez o julgamento de um religioso acusado de pedofilia. Conforme divulgado pela Igreja, o tr ibunal vai se reunir no dia 11 de julho para avaliar o caso de Jozef Wesolowski, ex- embaixador da Cúria Romana na República Dominicana.

Wesolowski é acusado de manter relações sexuais com menores e posse de material de pornografia infantil. De acordo com o Vaticano, os abusos teriam ocorrido tanto em Roma quanto em Santo Domingo, capital da República Dominicana, entre 2008 e 2014.

“O primeiro caso trata da posse de material pedófilo, um delito que o Papa Francisco introduziu à legislação do Vaticano em 2013. O segundo caso diz respeito ao abuso sexual de menores, baseado em uma acusação interposta às autoridades judiciais de Santo Domingo”, comunicou o Vaticano.

A Santa Sé informou ainda que poderá analisar computadores utilizados pelo religioso em busca de provas e “eventuais formas de cooperação internacional”.

Além do anúncio sobre o julgamento de Wesolowski, o Vaticano revelou que aceitou a renúncia de dois bispos americanos acusados de proteger padres pedófilos. O arcebispo de Saint Paul e Minneapolis, monsenhor John Clayton Nienstedt, e o adjunto, monsenhor Lee Anthony Piche, renunciaram ao cargo após serem acusados por autoridades americanas de não protegerem menores de idade de um padre da diocese preso por abusos sexuais.

O Papa aceitou as “demissões” com base em uma disposição do direito canônico que estabelece sanção em caso de falta grave. O Vaticano anunciou na semana passada a criação de um tribunal para julgar os bispos acusados de negligência ou cumplicidade com abusos sexuais.