Meirelles: ‘ não há fórmula mágica contra inflação’

11 jun 2015

RENNAN SETTI 

Ex- BC adverte que será melhor para o Brasil se expectativa convergir logo à meta

O ex- presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou que não existe “fórmula mágica” para trazer a inflação para o centro da meta. Mas acrescentou que será melhor para o Brasil que a expectativa sobre a alta dos preços convirja o quanto antes para os 4,5% ao ano. Hoje, o BC garante que a inflação chegará à meta em dezembro do ano que vem, embora economistas ouvidos pela pesquisa Focus apostam que ela ainda estará em 5,5% ao fim de 2016.

GUSTAVO MIRANDA/ 14- 12- 2010Meirelles. Para ex- presidente do BC, políticas têm que recriar confiança

— No pós- crise, a necessidade de termos a inflação na meta e expectativas de inflação ancoradas continuam tão necessárias como sempre. É importante que isso seja mais cedo que mais tarde. Quanto mais cedo a expectativa de inflação convergir em direção à meta, melhor para o Brasil — afirmou ele, em um seminário promovido pelo BC no Rio.

Segundo Meirelles, a converência é importante porque, com isso, o BC precisaria recorrer menos à elevação de juros para dar conta da tarefa:

— Não há uma fórmula mágica para isso, mas tem que haver uma demonstração de política que leve os agentes econômicos a passarem a acreditar nisso.

Já o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o regime de metas de inflação saiu mais forte da crise global.

— O regime de metas para inflação emergiu ainda mais forte depois da crise. Nenhum dos principais bancos centrais abandonou o regime de metas para inflação, e alguns bancos centrais que não seguiam esse regime passaram a fazê- lo — disse.

Segundo ele, a crise forçou os BCs “a testar novos limites” e reduzir os juros para perto do zero. Ao mesmo tempo, surgiram propostas de flexibilização do modelo, como complementá- lo com o uso de metas de PIB nominal:

— As novas propostas de regimes monetários são muito complexas para o entendimento e acompanhamento do público.

WEBER: REGIME PERTO DO FIM

O presidente do banco UBS e ex- chefe do BC alemão Axel Weber afirmou, porém, que o regime de metas de inflação como há hoje tende a desaparecer no futuro. Segundo ele, que foi um dos palestrantes do evento, o modelo não é plenamente capaz de expor todas as variáveis que afetam a estabilidade.

— A meta de inflação, como um paradigma, está mais próxima do seu fim do que seu início. Mas isso não quer dizer que ela não continuará existindo por mais alguns anos — observou.