Leptospirose tem a maior alta

25/06/2015 

O Distrito Federal vive a maior contaminação por leptospirose desde 2007. A alta proporcional para os seis primeiros meses do ano foi reconhecida pela Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS). Até a quarta semana de junho, foram 21 casos confirmados e cinco mortes. Um paciente aguarda resultados de exames para constatar a doença. Entre as cidades líderes de contágio estão Ceilândia e Recanto das Emas (veja quadro). A maior via de transmissão é a urina do rato, mas o contato com água ou alimentos contaminados também é nocivo. Com base em números da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Secretaria de Saúde estima que na capital haja 15 milhões de roedores uma média de cinco por habitante. As áreas com maior infestação do bicho são o Setor Comercial Sul, o perímetro da Rodoviária do Plano Piloto e o centro da Ceilândia. 

No DF, 73% dos infectados são homens com idade média de 35 anos. Das contaminações, 65% foram em área urbana, sendo 50% no próprio domicílio. A estatística acende o sinal vermelho para a higiene dos brasilienses. Não é possível agentes de saúde estarem presentes em todos lugares, por isso a participação da população é essencial. Acondicionar o lixo corretamente, manter quintais limpos,  evitar o contato com água de chuva e se proteger ao desempenhar atividades como limpeza de fossas e caixas de esgoto são ações simples, mas que protegem o indivíduo e todo o coletivo, alerta o diretor de Vigilância de Animais Sinantrópicos e Silvestres da SVS, Ivanildo de Oliveira Correia Santos. A bactéria resiste no meio ambiente por cerca de seis meses e penetra pela pele e pelas mucosas. 

A mais recente vítima foi um triatleta morador do Sudoeste. A suspeita de amigos e familiares é de que a contaminação foi no Lago Paranoá. A Secretária de Saúde não descarta a possibilidade, mas, para indicar o local exato do contágio, precisa ter dados claros sobre a rotina do rapaz nos últimos 30 dias. Estamos com dificuldades de traçar esse histórico. As informações passadas por parentes e amigos são pouco precisas. Isso é importante para o controle e a prevenção da doença, esclarece a diretora de Agravos de Transmissão Hídrica e Alimentar da SVS, Rosa Maria Mossri. O relatório final da investigação deve ser concluído no fim da semana. 

A doença 
Na fase inicial, a leptospirose pode ser confundida com outras patologias, como dengue, gripe, malária, hepatite, por terem sintomas parecidos. Para dar mais agilidade à detecção e ao tratamento, a pasta estuda a possibilidade de capacitar profissionais da saúde. A medida seria em parceria com o Ministério da Saúde, mas ainda não tem data para ser concretizada. Seria mais uma forma de garantir o controle da doença e o tratamento correto. Quando uma pessoa se contamina, outras estão em risco. Com todo o processo mais ágil, teríamos melhores condições de domínio da doença, explica Rosa Maria. 

Segundo o Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença endêmica (constante), principalmente nas capitais e nas áreas metropolitanas. A letalidade no Brasil é de 9%. Não há estatísticas para o DF. Apesar do panorama, a expectativa da Subsecretaria de Vigilância à Saúde é que o número de casos caiam nos próximos meses. Com a seca, a tendência é que menos pessoas sejam infectadas, pois não há alagamentos e os ratos tendem a permanecer na rede subterrânea, afirma Ivanildo de Oliveira. Os meses que mais apresentaram casos foram maio, com cinco notificações, e abril, com seis.