Título: Ação econômica decidirá futuro político de Obama
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Fonte: Correio Braziliense, 22/08/2011, Economia, p. 10

Em férias, líder norte-americano admite que será julgado nas urnas pelo que acontecer depois da crise que afeta a maior nação do planeta. População sofre com falta de emprego

Vineyard Haven e Washington ¿ O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, espera que o modo como vem conduzindo a economia seja julgado nas eleições de 2012. "Olha, nós realmente tomamos as decisões certas. As coisas teriam sido muito piores se não as tivéssemos tomado, apesar de não serem tão satisfatórias para quem não tem emprego agora", disse ele em entrevista à rede de tevê CBS. "Entendo isso e espero ser julgado daqui a um ano sobre se as coisas vão continuar melhorando ou não", reforçou.

Em férias com a família em Martha"s Vineyard, ilha próxima à cidade de Boston, no estado de Massachusetts, Obama reconheceu, na entrevista gravada há uma semana, que a atividade econômica do país ainda não se recuperou o suficiente. A taxa de desemprego está travada em 9% e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia do planeta foi muito fraco no primeiro semestre de 2011. Esses indicadores fizeram com que muitos norte-americanos questionassem se o estímulos e as medidas de socorro aos bancos anunciadas pelo governo após a crise financeira de 2008 e 2009 funcionaram.

Ao ser questionado sobre a forte queda dos mercados de ações, Obama respondeu que as preocupações com a recuperação dos EUA estão contribuindo para o nervosismo dos investidores, juntamente com "ventos contrários" oriundos da crise de dívida dos governos da Europa, da alta nos preços dos combustíveis e ainda das consequências do terremoto no Japão. O governante afirmou ainda não ver perigo de uma nova recessão no país, mas considerou que a economia pode não se recuperar o suficiente para resolver o que ele denominou como "genuína crise de desemprego".

Obama deve gastar boa parte dos seus nove dias de férias trabalhando em um programa destinado a impulsionar a atividade econômica e a economizar mais do que a meta de US$ 1,5 trilhão em cortes de gastos estipulada pelo Congresso, para que fosse elevado o teto de endividamento do governo. A ampliação de um benefício tributário sobre a folha de pagamento ¿ medida que, segundo a Casa Branca, encorajaria empresas a aumentar as contratações, mas que, para alguns economistas, faria pouca diferença ¿ será incluída no programa que o presidente anunciará no próximo mês, de acordo com David Axelrod, estrategista-sênior da campanha de Obama. "Isso é algo que, absolutamente, precisamos fazer", disse Axelrod no "State of the Union", programa da CNN.

Saga republicana Os republicanos que ainda tinham esperanças de que um novo candidato se lançasse na corrida presidencial dos EUA e, assim, elevasse as chances de o partido derrotar Obama em 2012 já podem começar a desistir dessa ideia. A entrada do governador do Texas, Rick Perry, na disputa reduziu a possibilidade de um outro nome para a oposição, uma vez que ele é considerado o favorito.

Com as disputas nos estados começando no início do próximo ano, será muito difícil para um recém-chegado levantar dinheiro e montar um aparato de campanha para derrotar os demais republicanos que já estão há meses no páreo. Salvo um grande tropeço por parte dos principais candidatos ¿ Mitt Romney, Michele Bachmann e Perry ¿, integrantes da ala mais conservadora do partido, os analistas esperam que um líder entre em campo. "Se houvesse um candidato perfeito, ele já estaria na corrida", disse Nathan Gonzales, vice-editor da publicação Rothenberg Political Report.