Para Dilma, "momento é extremamente duro

Atropelada pela recessão e presa em uma crise política que ameaça seu mandato, a presidente Dilma Rousseff se disse convencida de que a economia brasileira terá uma rápida recuperação. Ela destacou que, embora os ventos não estejam favoráveis “em termos de situação internacional”, o governo está fortalecendo as políticas macro e microeconômicas para estimular a atividade.

Dilma reconheceu que o momento atual é complicado, sobretudo por causa do aumento do desemprego, que atingiu 8,1% em maio — o maior índice desde 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse quadro tende a se agravar, já que, pelas contas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil registrará, neste ano, encolhimento de 1,5%, o maior tombo em 25 anos.

“Nós, de fato, estamos passando por um momento extremamente duro”, afirmou, durante a cúpula dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo a presidente é preciso, porém, lembrar que a economia brasileira tem fundamentos sólidos para se recuperar rapidamente. “Não é só uma questão de eu achar ou não. Nós apostamos nisso. Não porque temos uma visão rósea da situação. Não temos, não”, enfatizou.

Para Dilma, não é apenas o Brasil que está tendo as projeções de crescimento reduzidas pelo FMI. “O Fundo está reduzindo para baixo todas as estatísticas, em qualquer lugar do mundo”, frisou. Ela justificou, ainda, a alta a inflação, que teve, em junho (0,79%), a maior alta para o mês desde 1996. “Ninguém no mundo faz ou sofre uma desvalorização cambial como nós sofremos, sem efeitos inflacionários. Mas não se espera que esta desvalorização cambial continue sistematicamente. Ela vai diminuir de intensidade, é isso que o mundo espera”, destacou.

Importância

A reunião do Brics foi marcada para tensão vinda do mercado acionário chinês, que, em apenas três semanas, perdeu o equivalente a US$ 3,5 trilhões com a desvalorização dos preços das ações. Segundo Dilma, em conversa com o presidente da China, Xi Jinping, ele não demonstrou preocupação com o derretimento das bolsas de valores — ontem, o pregão de Xangai teve alta de 5,8% —, mas, para o Brasil, o momento é de alerta.

A China foi responsável pelo grande boom de commodities, mercadorias com cotação internacional, que impulsionaram a economia brasileira. Dilma admitiu que o superciclo desses produtos acabou e há “uma grande preocupação” com isso. Para ela, com a queda de preços dessas mercadorias, todos os países da América Latina terão de fazer um grande esforço para diversificar suas atividades econômicas.

Na avaliação da presidente brasileira, um dos caminhos para o fortalecimento dos mercados emergentes, em especial, os dos Brics, é a ampliação do comércio entre os países, além dos investimentos em infraestrutura e do papel estratégico do setor privado. “Neste momento de crise internacional, devemos reforçar cada vez mais o papel dos Brics, tão importante para o desenvolvimento global”, afirmou. Ela observou que os Brics têm sido responsáveis por cerca de 40% do crescimento mundial e pela intensificação dos fluxos econômicos entre os países do mundo.