Investigado, Jucá integra Conselho de Ética

 

Em meio às investigações da Operação Lava- Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), um dos investigados, formalizou terçafeira à noite a composição do Conselho de Ética do Senado para os próximos dois anos. O senador Romero Jucá ( PMDBRR), outro alvo das apurações, é um dos membros titulares do conselho. Os nomes são indicados pelos partidos.

AILTON DE FREITASDefesa. Jucá nega irregularidade e diz que tem interesse na investigação

A formalização ocorreu com meses de atraso, já que, em fevereiro, o próprio Renan fizera acordo político para a recondução do senador João Alberto Silva ( PMDB- MA), um leal aliado, para a presidência do conselho. Próximo ao ex- senador José Sarney ( PMDB), João Alberto terá a missão de conduzir processos por quebra de decoro que chegarão decorrentes da Lava- Jato.

Renan foi citado no caso como beneficiário do esquema. Ele nega ter participado de qualquer irregularidade. O seu nome também aparece em referências ao deputado Aníbal Gomes ( PMDB- CE), apontado como intermediário de Renan nas negociações.

Jucá, por sua vez, foi à Polícia Federal no dia 20 de maio para prestar depoimento. Esta semana, disse que está tranquilo, que não tem qualquer envolvimento no caso Petrobras e que tem o maior interesse de que as investigações acabem logo.

— É do meu interesse que isso se apure logo — disse Jucá.

A intenção dos caciques do Senado é engavetar processos contra senadores que venham a ser mencionados no esquema de desvio de recursos da Petrobras. João Alberto está à frente do conselho desde 2011 e deverá ser reconduzido formalmente assim que houver a primeira reunião.

Integrarão o conselho como membros titulares: José Pimentel ( PT- CE), Regina Sousa ( PTPI), Lasier Martins ( PDT- RS), João Alberto, Romero Jucá, Otto Alencar ( PSD- BA), Sérgio Petecão ( PSD- AC), Wilder Morais ( DEM- GO), Randolfe Rodrigues ( PSOL- AP), João Capiberibe e Elmano Férrer ( PTB- PI).

Os suplentes serão: Paulo Rocha ( PT- PA), Ângela Portela ( PT- RR), Acir Gurgacz ( PDTRO), Omar Aziz ( PSD- AM), Raimundo Lira ( PMDB- PB), e Maria do Carmo Alves ( DEM- SE).

PETISTA À FRENTE DE CPI

Paulo Rocha é o presidente da CPI do HSBC. Ele foi investigado no escândalo do mensalão, quando era deputado federal e renunciou ao cargo para não ser cassado. Mas acabou absolvido pelo Supremo Tribunal Federal ( STF) por 5 a 5 ( o empate é a favor do réu). Na época, Rocha era líder do PT na Câmara e foi acusado de receber R$ 820 mil. Disse que recebeu dinheiro para pagar contas de campanha eleitoral.

Em fevereiro, quando as comissões foram divididas entre os partidos, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira ( CE), disse que João Alberto era um homem sério e que não iria “proteger A ou B”.