Brasileiro preso na Palestina faz greve de fome há 53 dias

 

O brasileiro Islam Hamed, de 30 anos, preso na Palestina desde 2010 está em greve de fome há 53 dias. Com sua pena encerrada em 2013, ele já deveria ter deixado o presídio, mas a Autoridade Nacional Palestina ( ANP) não o liberta. A alegação é que Israel não lhe concederá salvo conduto para cruzar o território, já que em 2002 também foi preso naquele país por atirar pedras em carros militares.

Como Hamed quer voltar ao Brasil, onde pretende morar com a mulher e um filho de 3 anos, sua família vem pedindo a intervenção do governo brasileiro para que intensifique negociações que o coloquem em liberdade. Segundo a família, essas negociações já duram dois anos e Hamed cansou de esperar. Por isso, faz a greve de fome. Ele só vem tomando água e ingerindo um pouco de sal durante o dia, mas ameaça interromper essa conduta caso as autoridades brasileiras não consigam libertá- lo.

— Ele está muito fraco, quase não para em pé. Já emagreceu 20 quilos desde que começou a greve de fome — disse ontem, em São Paulo, Aline Baker, prima de Islam Hamed. Segundo Aline, ele está em greve de fome por estar “desesperado” e sem perspectivas de deixar a cadeia.

Hamed é filho de mãe brasileira e mora na Palestina desde criança. Em 2002 foi preso em Israel por atirar pedras em tanques. Ficou cinco anos preso. Mas oito meses depois, foi preso novamente por Israel e ficou em “prisão administrativa”, sem uma acusação formal, cuja pena é renovada a cada seis meses. Ficou assim por dois anos e em 2010 foi posto em liberdade.

Alguns meses depois, ainda em 2010, foi preso novamente, desta vez pela Autoridade Nacional Palestina ( ANP), sem acusação formal. A prima Aline Baker diz que a justificativa dada pela ANP foi a de que ele representava uma “ameaça à segurança nacional”. A família suspeita que a prisão tenha acontecido porque Hamed é militante do Hamas, considerada uma entidade terrorista.

— Ele não roubou e não matou ninguém. Foi condenado há três anos de prisão, cujo período venceu em 2013. Mas não foi posto em liberdade. Vive numa cela isolada, com a luz acesa 24 horas por dia. Apelamos para o Tribunal de Justiça da Palestina, que já mandou soltá- lo, mas as autoridades policiais não o soltam. Dizem que Israel não lhe dará salvo conduto. Como a Palestina está ocupada e controlada por Israel, nada acontece sem que os israelenses autorizem — disse Aline.

O Itamaraty diz que o governo brasileiro está empenhado na libertação de Hamed, mas lamenta que as gestões “não tenham até o momento sensibilizado os governos palestino e israelense”.