Após cinco altas, dólar recua 1,18%, a R$ 3,33

 

Depois de cinco altas seguidas, o dólar comercial recuou 1,18% ante o real ontem, fechando a R$ 3,33. A decisão do banco central dos Estados Unidos de não elevar a taxa de juros do país contribuiu para o resultado - SÃO PAULO E WASHINGTON- Após cinco altas consecutivas, o dólar comercial finalmente encontrou espaço para cair. A moeda americana chegou ao fim do pregão de ontem cotada a R$ 3,330, recuo de 1,18% ante o real. A manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve ( Fed, o banco central americano) contribuiu para esse resultado. Já a Bolsa de Valores de São Paulo ( Bovespa) fechou em alta de 1,30% em seu índice de referência, retornando ao patamar dos 50 mil pontos — mais exatamente, 50.245 pontos.

A manutenção dos juros pelo Fed já era esperada, e o mercado de câmbio aproveitou para fazer o que é chamado de ajuste técnico, ou seja, corrigir o que foi considerado excessivo na alta dos últimos pregões. No entanto, na avaliação de analistas, com o atual cenário econômico interno e externo, há pouco espaço para a cotação voltar para menos de R$ 3,30 a curto prazo.

— O dólar vinha em alta nos últimos dias devido à redução da meta fiscal e ao rebaixamento da perspectiva da nota do Brasil para negativa pela Standard & Poor’s. Agora, era natural essa correção técnica — disse Eduardo Velho, economistachefe da INVX Global Capital Asset, lembrando que é grande a chance de o Fed elevar os juros ainda em 2015, o que mantém a pressão sobre o real.

PETROBRAS SOBE MAIS DE 7%

Para Luis Gustavo Pereira, analista chefe da Guide Investimentos, a expectativa é de menor tensão no campo político, o que pode amenizar a volatilidade:

— O mercado está mais calmo porque não teve nenhuma novidade no campo político. E, aparentemente, a agenda bomba ( medidas que podem elevar gastos públicos) não vai ter continuidade no Congresso.

Na Bolsa, o que contribuiu para a recuperação, além do ajuste técnico, foi o fato de algumas ações estarem baratas para o investidor estrangeiro, já que a moeda americana se valorizou.

— Se o câmbio se acomodar nesse patamar ou reduzir a volatilidade, podemos ver um fluxo de estrangeiros — avaliou Pereira, da Guide.

A Petrobras puxou a alta de ontem. Os papéis preferenciais ( PN, sem direito a voto) da estatal avançaram 7,52%, cotados a R$ 10,72, e os ordinários ( ON, com a voto) subiram 7,46%, a R$ 11,80.

Se o Fed manteve a taxa básica de juros estável no intervalo entre zero e 0,25%, patamar fixado em dezembro de 2008, cresceu a expectativa de uma alta já na próxima reunião, em setembro. De acordo com os membros do Fed, a economia americana está registrando melhora no mercado de trabalho e no setor imobiliário. A nota divulgada após a reunião do Fed falava em “sólidos ganhos de vagas”.

“No geral, uma série de indicadores do mercado de trabalho sugere que a subutilização dos recursos laborais diminuiu desde o início deste ano.” O texto marca uma melhora em sua visão das condições de trabalho desde a reunião de junho, quando disse que a ociosidade havia “diminuído um pouco”.

A presidente do Fed, Janet Yellen, vinha ressaltando, em seus depoimentos no Congresso americano, a necessidade de uma recuperação sólida do mercado de trabalho antes de elevar os juros. O índice de desemprego está atualmente em 5,3%.

— Eles reduziram um pouco os obstáculos para a alevação dos juros — disse à Reuters Shyam Rajan, diretor de estratégia de juros do Bank of America Merrill Lynch.