Ibope: reprovação a Dilma chega a 83%

02/07/2015

JORGE MACEDO

PAULO DE TARSO LYRA

Um mês após o início da chamada agenda positiva, os aliados do governo Dilma Rousseff ainda jogam para o futuro o crescimento nos índices de aprovação da presidente. Depois da divulgação da pesquisa CNI Ibope, apontando que a avaliação positiva da presidente é de apenas 9% — o pior resultado desde o governo de José Sarney (PMDB-MA) entre 1985 e 1990 —, o vice-presidente Michel Temer aposta que a virada chegará em breve. “Você sabe que isso é cíclico, né? Essas pesquisas, muitas vezes, são assim. Você tem altos e baixos”, afirmou ele, após prestigiar a posse da deputada Luciana Santos (PE) como nova presidente do PCdoB.

Para Temer, os números poderão se inverter após a viagem da presidente Dilma aos Estados Unidos. “Ela está trazendo as melhores notícias. Tenho a absoluta convicção de que, em pouquíssimo tempo, vamos ter um crescimento na popularidade do governo e da presidente”, apostou o vice-presidente.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), é bem menos otimista e muito mais irônico. “Acho que desde a idade média não assistimos a um cenário em que a popularidade de um presidente começa a ser menor do que a própria inflação”, disse ele. “O que há hoje de grave no Brasil é um sentimento de desânimo porque, quando você olha o governo, não o encontra. O Brasil hoje tem um vácuo de poder que preocupa a todas as pessoas que acompanham o agravamento e a forma com que vem se deteriorando o quadro político e econômico do país”, completou Aécio.

Além da viagem aos Estados Unidos (leia abaixo), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, destacou outros fatores que poderão mudar o ânimo dos brasileiros em relação à presidente. Segundo ele, iniciativas como o Plano Safra, o Pronaf (voltado para a Agricultura Familiar), o projeto de exportações e a terceira fase do Minha Casa, Minha Vida poderão alavancar a aprovação de Dilma. “Além disso, com a redução da meta de superavit primário, teremos mais recursos para investir e dinamizar a economia brasileira”, afirmou.EntrevistasAnalisando, contudo, os resultados de ontem da pesquisa CNI-Ibope, percebe-se que essa ladeira é mais íngreme do que os governistas querem fazer crer. A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff atingiu o pior patamar desde o início de seu mandato, em 2011.

Além disso, os números ainda apontam para o mais alto índice de reprovação desde o fim da ditadura militar, com o presidente José Sarney. Apenas 9% das pessoas avaliam como ótimo ou bom o governo. Em contrapartida, 68% consideram como ruim ou péssimo.Em março, quando foi realizada a primeira pesquisa de avaliação do segundo mandato, o índice de aprovação estava em 12%, e a rejeição ligeiramente menor, com 64%. No fim do primeiro mandato, quatro em cada 10 pessoas consideravam como ótimo ou bom o governo. A rejeição da presidente, em dezembro de 2014, estava em 27%. Outros dois índices que avaliam o governo também caíram na pesquisa divulgada pela CNI-Ibope. Apenas dois em cada 10 entrevistados afirmaram confiar na presidente.

Na pesquisa anterior, esse número era de 24%. Já aqueles que disseram não confiar em Dilma são 78%, número superior aos 74% registrados em março deste ano.A aprovação da maneira de governar também piorou em relação à pesquisa anterior. Na primeira avaliação do segundo mandato, 19% dos entrevistados aprovavam o governo, contra 78% que rejeitavam. Agora, na pesquisa de junho, a aprovação caiu para 15% e a desaprovação subiu e atingiu a marca de 83%. A pesquisa de junho da CNI-Ibope trouxe um dado inédito: a evolução histórica da avaliação do governo de todos os presidentes desde o fim da ditadura militar.

O governo da presidente Dilma bateu recordes negativos. Em junho e julho de 1989, o presidente José Sarney alcançou o menor patamar da história ao registrar 7% de avaliação ótima ou boa do governo. Em novembro do mesmo ano, o último levantamento feito para o governo Sarney registrou aprovação de 9%, índice que a presidente Dilma apresenta agora.“Acho que desde a idade média não assistimos a um cenário em que a popularidade de um presidente começa a ser menor do que a própria inflação”Aécio Neves, presidente do PSDB9%Percentual da população que considera o governo Dilma como bom ou ótimo, segundo o Ibope.

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Tecnologia no fim da visita

No último dia do périplo pelos Estados Unidos, a presidente da República, Dilma Rousseff, fez uma visita à sede do Google, na Califórnia, e participou de um almoço na Universidade de Stanford com 25 executivos do Vale do Silício, o maior centro de inovação tecnológica do mundo. Integrantes do Facebook e do AirBNB também participaram do evento. O CEO do Google, Eric Schmidt, comunicou à petista que vai inaugurar, em novembro deste ano, a expansão do centro de engenharia do grupo no Brasil, localizado em Belo Horizonte. Com as novas instalações, a empresa vai dobrar para 200 a quantidade de engenheiros trabalhando no local.

Durante a visita, a presidente passeou num veículo da Google que trafega sem a necessidade de motorista e também conheceu uma espécie de balão responsável por levar conexão de internet a áreas de difícil acesso. No passado, por exemplo, o experimento foi testado no Piauí. O teste permitiu que estudantes de uma escola estadual tivessem acesso à rede mundial de computadores pela primeira vez.

Logo no início do dia, Dilma tomou café da manhã com a presidente da Universidade da Califórnia, Janet Napolitano. Na última agenda nos EUA, a petista visitou o centro de pesquisa da Nasa. Lá, se reuniu com empresas do setor aeroespacial.

Dilma retornou no fim do dia para o Brasil. Ela chegou aos EUA no sábado passado. Reuniu-se com empresários para apresentar o plano de concessões lançado há três semanas pelo governo brasileiro. Obteve uma sinalização protocolar de Obama de que os Estados Unidos estavam interessados em investir. O programa prevê a participação da iniciativa privada para melhorar a infraestrutura de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.