Título: Minha Casa perde 13%
Autor: Pariz, Tiago; Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 01/09/2011, Economia, p. 12
Uma das principais bandeiras da campanha eleitoral da presidente, projeto de habitação popular tem verba reduzida para R$ 11 bilhões
O projeto orçamentário enviado pelo governo ao Congresso Nacional não só abre brecha para gastos maiores em 2012 como também sacrifica uma das principais bandeiras da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, o Minha Casa, Minha Vida. Comparado ao orçamento de 2011, o programa perdeu 13% da sua verba, caiu de R$ 12,7 bilhões para R$ 11 bilhões. Outros gastos com habitação perderam R$ 3 milhões; despesas com barragens e abastecimento de água, mais R$ 5 milhões. Já no Ministério da Defesa, recebeu recursos para adoçar a boca dos militares e fortalecer o recém-chegado ministro Celso Amorim, bastante questionado ao assumir a pasta. Com o incremento, o cofre do ministério engordou em 42,5% e passou de R$ 10,8 bilhões, em 2011, para R$ 15,4 bilhões.
A estratégia reforçou Amorim no posto. Ele ocupou o cargo logo após o antecessor, Nelson Jobim, ter desagradado a caserna ao suspender o processo de aquisição de novos helicópteros russos para a Força Aérea Brasileira (FAB). Jobim havia mandado contigenciar R$ 112 milhões do programa que deveriam ser desembolsados ao longo deste ano. "Esse orçamento prevê recursos para os helicópteros e para o programa de submarinos. Os caças da Força Aérea, porém, estão fora porque ainda nem foi escolhido de que país eles virão", explicou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Copa do Mundo Também está previsto no Orçamento de 2012 R$ 1,8 bilhão para os jogos da Copa do Mundo, Olimpíadas e Para-Olimpíadas. O Plano Brasil sem Miséria, a nova bandeira da presidente Dilma, ganhou R$ 25,7 bilhões. Entretanto, a maioria dos recursos, R$ 23,4 bilhões, será aplicada no Desenvolvimento Social e Combate à Fome ¿ dinheiro que irá para o Bolsa Família.
O valor destinado à infraestrutura cresceu 25,5%, passando de R$ 38 bilhões para R$ 47,7 bilhões. Os ministérios das Cidades e dos Transportes angariaram a maior parte dos recursos. O primeiro ficou com R$ 17,5 bilhões; o segundo, com R$ 17 bilhões. Aloízio Mercadante conseguiu um aumento considerável para sua pasta, a de Ciência, Tecnologia e Informação: os recursos subiram de R$ 4,8 bilhões em 2011 para R$ 6,1 bilhões. A despeito dos avanços em investimentos, os gastos de outros ministérios e órgãos, basicamente de custeio, subiram 37,7%. Passaram de R$ 22,5 bilhões para R$ 31 bilhões. Apenas a Presidência da República reduziu despesas, todos os outros elevaram.
O Ministério do Planejamento destacou ainda que a maior parte desses investimentos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que terá recursos de R$ 111,3 bilhões em 2012. Desse total, R$ 42,5 bilhões são do orçamento fiscal e R$ 68,7 bilhões das estatais.