Título: Tortura na Síria horroriza os EUA
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Fonte: Correio Braziliense, 01/09/2011, Mundo, p. 22
Ossos quebrados, olhos arrancados e genitais mutilados. Essas são apenas algumas das violações cometidas nas prisões sírias, em meio à violenta repressão contra opositores do presidente Bashar Al-Assad. Os Estados Unidos denunciaram ontem o "abuso repugnante" contra os manifestantes detidos. "Um governo que assassina e tortura seus próprios cidadãos, inclusive crianças, não pode ser considerado legítimo por nenhum de nós", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland. Ela se referia às denúncias feitas por um relatório da organização não-governamental Anistia Internacional (AI), apresentado anteontem. O documento revela que 88 pessoas foram mortas nas prisões da Síria ¿ 10 deles tinham de 13 a 18 anos. Pelo menos 52 corpos exibiam sinais de tortura.
"Nós condenamos fortemente a brutalidade que vem ocorrendo na Síria. Notamos particularmente que este deveria ser um momento de alegria para os sírios, por conta do feriado do fim do Ramadã, que acabou se tornando para muitas famílias um momento de luto, por conta dos ataques do regime contra seu próprio povo", acrescentou Nuland.
Neil Sammonds, pesquisador da Anistia Internacional, admite que as mortes atrás das grades atingiram "proporções imensas". "Parecem ser uma extensão do mesmo desdém pela vida que estamos vendo diariamente nas ruas do país", afirmou. De acordo com o relatório da AI, "as lesões em muitos corpos indicam que eles sofreram espancamentos horrendos e outros abusos". "Os sinais apontam tortura, incluindo queimaduras, facadas, marcas de açoitamento e cortes", revela a AI.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, também reagiu com indignação às denúncias e comentou que Al-Assad tem provocado um "dano irreparável". "O regime em Damasco está errado em acreditar que é seguro de seu próprio povo", advertiu. Ele prometeu fazer o possível para ajudar a população síria a alcançar a liberdade e a democracia.