Título: Pane no metrô
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Fonte: Correio Braziliense, 01/09/2011, Cidades, p. 29

Problema em um dos vagões interferiu no tráfego na tarde de ontem. Passageiros deixaram trem defeituoso e quatro tiveram de ser encaminhados a hospitais

O que seria uma viagem tranquila de retorno para casa acabou se tornando um susto para os usuários do metrô que seguiam o trajeto Rodoviária do Plano Piloto/Samambaia na tarde de ontem. Uma possível pane no sistema elétrico fez com que os freios de um vagão fossem acionados. O problema ocorreu entre a estação inacabada da 106 Sul e a da 108 Sul, por volta das 16h. Em função disso, o tráfego ficou prejudicado por pouco mais de duas horas. Apesar do transtorno, nenhum dos 40 passageiros, segundo estimativa do Corpo de Bombeiros, se feriu gravemente.

Até as 16h30, a linha Rodoviária/Samambaia ficou totalmente paralisada, pois não havia comunicação entre o veículo que apresentou problemas e a central de controle do Metrô. Até que o vagão defeituoso fosse rebocado, às 18h15, a solução foi usar apenas um dos trilhos para que os trens viessem e voltassem. O intervalo entre a passagem dos 12 vagões em atividade aumentou de 4 para 20 minutos. Isso se manteve até que o serviço fosse normalizado, com 24 trens operando em ambos os trilhos. Após ser alertada, a Secretaria de Transportes pôs mais ônibus em circulação para atender à demanda do horário de pico.

"Em consequência do susto, quatro pessoas foram encaminhadas aos hospitais de Base e da Asa Norte com crise nervosa", informou o major Fábio Ribeiro, da Polícia Militar, que atendeu à ocorrência. Divina Alves, 66 anos, estava no vagão quando ouviu estouros, como se algo tivesse explodido. Em seguida, ela conta que surgiu a fumaça fora do trem e as luzes do veículo se apagaram durante a passagem por um túnel. "Eu vi a morte hoje, quando caí na escuridão", conta. Ao sair do vagão, ela e os demais passageiros caminharam no espaço estreito entre os trilhos até chegar à plataforma da estação da 108 Sul. Nesse percurso, por conta da falta de visibilidade, ela machucou a perna direita ao prendê-la em um buraco.

Confusão Joseli Alves estava acompanhada das duas filhas, de 11 e 2 anos de idade. No momento da confusão, ela preocupou-se com as meninas. "Achei que fôssemos morrer. A minha filha mais velha ficou mais assustada porque já tem um entendimento maior das coisas e ficou nervosa. Quando chegamos no hospital, a médica teve de conversar com ela para tranquilizá-la, porque estava chorando muito", relata. Jéssica, a mais velha, ficou com as mãos sujas de fuligem depois de passar pelo túnel enfumaçado.

A Companhia do Metropolitano informou não saber, por enquanto, a causa da pane. O laudo do Departamento de Manutenção do Metrô, que esclarecerá o problema, será concluído após a apuração feita no centro operacional da empresa.