PT e aliados atacam política de juros altos

 

Depois do ministro Joaquim Levy (Fazenda) e do ajuste fiscal, o PT e a base aliada da presidente Dilma Rousseff atacam agora a política de juros do Banco Central. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros básicos para 13,75% ao ano, a maior taxa desde janeiro de 2009. O indicativo é que a trajetória de alta vai continuar, apesar da retração do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) e do aumento do desemprego.

— Com a economia em retração, é impraticável manter as atuais taxas de juros — afirmou o presidente do PT, Rui Falcão.

O assunto fez parte da reunião do ex-presidente Lula com deputados e senadores do PT na última segunda- feira. Segundo participantes, Lula contestou a política de juros altos, afirmando que não há inflação de demanda, e defendeu o aumento do crédito.

O ex-presidente teria lembrado, na reunião com as bancadas do PT, a cobrança pública feita ao então secretário do Tesouro, Arno Augustin, em junho do ano passado. Na ocasião, Lula defendeu o aumento da oferta de crédito no mercado interno como forma de retomar o crescimento do país, durante evento promovido pelo jornal espanhol “El País”, em Porto Alegre.

A Executiva Nacional do PT pediu em sua última reunião, há dez dias, “a imediata reversão da elevação da taxa de juros praticada pelo Banco Central”.

Já nesta semana foi a vez de a Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT, criticar a política econômica do governo Dilma. “Seis meses após o governo anunciar a adoção de um ajuste fiscal, com o objetivo de recuperar as finanças públicas e restabelecer um cenário de maior confiança da economia brasileira, os principais indicadores de confiança permanecem em queda livre”, diz o texto assinado pelo economista Guilherme Mello.

Ainda de acordo com a mesma análise, a recuperação da confiança na economia brasileira “parece só ser encontrada em alguns círculos financeiros muito limitados, felizes que estão com a retomada do nível de rentabilidade dos investimentos financeiros”. Mas as críticas não se resumem ao PT:

— Não dá para ter juros de 13,75% com a economia do jeito que está. Estamos enxugando gelo — disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Resolução divulgada pela Comissão Política Nacional do PCdoB também afirma que o aumento de juros está na contramão da retomada do crescimento.