Justiça investiga contas de Cerveró e Baiano

 

A Justiça do Paraná investiga três contas bancárias secretas mantidas no exterior pelo ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB na estatal. Dados sobre essas contas foram anexados ao processo da Lava-Jato na última sexta-feira pelo juiz Sergio Moro.

As contas são de empresas off-shore, que podem ter sido usadas por Baiano e Cerveró para movimentar recursos de propinas da Petrobras. Foram anexados ao processo informações das empresas Three Lions Energy Inc, no Banco Clariden Leu, supostamente controlada por Fernando Baiano, Russel Advisors SA, no Banco UBP (Union Bancaire Privée) e Forbal Investment Inc, no Banco Heritage, atribuídas a Cerveró.

Fernando Baiano foi citado no depoimento do consultor Júlio Camargo, na quinta-feira, como sendo um “sócio oculto” do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo Camargo, Cunha cobrou em 2011 uma dívida de US$ 10 milhões de propina que havia sido negociada com Baiano em um contrato de naviossonda para a Petrobras.

Do valor devido, US$ 5 milhões seriam para Cunha. Para quitar a dívida, Camargo relatou ter recorrido aos serviços do doleiro Alberto Youssef. Ele afirmou ter feito operações financeiras com as empresas GDF e RFY, ligadas ao doleiro, além de transferências a empresas comandadas pelo próprio Baiano.

COMISSÃO POR NAVIOS-SONDA

A existências das três contas já era conhecida pelo Ministério Público Federal (MPF) desde junho, quando a Autoridade Central Suíça encaminhou documentos que provavam a ligação delas com Baiano e Cerveró. O material mostrou que Cerveró obteve US$ 75 mil de Baiano em setembro de 2008 por meio da Three Lions Energy Inc. Para receber o dinheiro, ele usou a Russel Advisors SA. O MPF também investiga depósitos feitos à offshore Forbal pelo doleiro Bernardo Freiburghauss, apontado pela Justiça, como o operador das propinas da Odebrecht na Suíça.

Os dois navios-sonda foram comprados pela Petrobras à Samsung, na Coreia, por R$ 1,2 bilhão, entre 2006 e 2007. De acordo com Camargo, o negócio renderia US$ 53 milhões de comissão, dos quais US$ 40 milhões seriam para políticos.

Cerveró e Baiano foram interrogados por Moro na quinta-feira. Os dois optaram por ficar em silêncio. O advogado de Baiano, Nélio Machado, disse que o cliente precisaria ter conhecimento do teor de todos os documentos que podem ser usados contra ele para poder se defender.