Os limites dos protestos contra o Uber

 

Mais um exemplo do poder disruptivo da tecnologia digital. Agora, no serviço de táxi, devido ao Uber, aplicativo desenvolvido na Califórnia por uma startup fundada por Garrett Camp e Travis Kalanick, para oferecer uma alternativa de transporte individual. Receberam apoio de investidores e deslancharam.

Criado em São Francisco, o Uber lançou o aplicativo na cidade em 2010. Dois anos depois, ele chegou a Londres e daí em diante se espalhou pelo mundo, com grande rapidez. Pelo telefone celular, pode-se contratar o serviço de “carona” de proprietários de veículos, por um preço bem abaixo das tarifas de táxis. A qualidade e o custo do serviço passaram a atrair a clientela de taxistas.

Os protestos, então, começaram, incluindo ações na Justiça. Há poucos dias, taxistas de Paris bloquearam o acesso ao Aeroporto Charles de Gaulle, numa manifestação. Em um dos carros, estava, desfraldada, a bandeira brasileira. O assunto também chegou à esfera legislativa, em várias partes do mundo. Rio e São Paulo são duas das cidades em que taxistas reagem ao Uber.

Há, de fato, aspectos que configuram concorrência desleal com taxistas: veículos das redes Uber estão livres do pagamento de taxas, impostos, vistorias específicas para frotas de táxis. Trata-se, então, de regular o novo serviço, não para estrangulá-lo, mas com a finalidade de dar segurança ao usuário.

Berço do Uber, São Francisco, há dois anos, regulamentou este tipo de carona, com a exigência de seguro, ficha policial limpa do dono do veículo, entre outros requisitos.

Os meios de comunicação também recebem o impacto transformador da tecnologia digital. Mas, fora medidas judiciais cabíveis em defesa do direito autoral, básico em qualquer atividade, o setor trata de se adaptar, utilizando a nova tecnologia para lançar produtos informativos, ampliar o universo de leitores, e assim por diante. Tem-se a consciência de que é inútil lutar contra o novo. O melhor a fazer é adaptar-se, aproveitando os benefícios do avanço tecnológico. Foi assim, por exemplo, no surgimento do telégrafo.

Já houve na História reações como a dos taxistas contra o Uber. Infrutíferas, desde o primeiro movimento deste tipo, no início do século XVII, na Inglaterra, iniciado quando um suposto operário chamado Ned Ludd destruiu máquinas do patrão, para defender empregos. Surgiu ali o “ludismo”, em plena Revolução Industrial.

A destruição de máquinas não deteve os aperfeiçoamentos tecnológicos. Nem protestos, com ou sem atos de violência, barrarão novos serviços criados pelo meio digital. Salvo a defesa judicial de direitos, nada há a fazer, além de usar os aperfeiçoamentos.

Os exemplos do Uber e outros servem para chamar a atenção do sindicalismo brasileiro, tão refratário à modernização.