A equipe econômica avalia que a decisão da Standard & Poor’s ( S& P) de colocar a nota do Brasil em perspectiva negativa pode ajudar a pressionar o Congresso a votar logo o ajuste fiscal. Segundo técnicos do Ministério da Fazenda, se os parlamentares não trabalharem em conjunto com o governo, a perda do grau de investimento será quase certa — algo reforçado pela própria analista da S& P, Lisa Schineller, em conversas com a Fazenda.
— Isso acaba ajudando o governo de alguma forma. Sem o Congresso aprovando o ajuste e alinhando o entendimento com o governo, o risco de perda do grau de investimento é alto — disse uma fonte do governo.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, evitou o dia inteiro comentar publicamente a decisão da S& P. Mas, às 21h30m, o Ministério da Fazenda divulgou nota reafirmando o compromisso do governo com a consolidação fiscal. Informou que o processo de reequilíbrio das contas e da economia, que trará nova competitividade “em alguns meses”, será “robustecido por ações fiscais de caráter estrutural, inclusive a partir da medição da qualidade e resultados do gasto público, (...) que permitam garantir uma trajetória decrescente para a relação dívida/ PIB no médio prazo”. E ressalta que “o esforço fiscal tem- se beneficiado da cooperação com o Congresso”.
Em reuniões com parlamentares, investidores e governadores, Levy explicou que a revisão da S&P não significa que o Brasil perderá o grau de investimento. E pediu apoio para o ajuste fiscal na retomada dos trabalhos do Congresso, semana que vem. Ainda é preciso aprovar o projeto que eleva as alíquotas de contribuição das empresas sobre o faturamento, a unificação das alíquotas do ICMS em 4%e a repatriação de recursos no exterior.
Já o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que o governo está tomando todas as providências para melhorar a economia:
— Estamos confiantes de que isso vai gerar resultados no futuro próximo e manter a avaliação de risco do Brasil em uma situação favorável.