Mesmo no recesso parlamentar, segue intensa a artilharia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), contra o PT eo governo de Dilma Rousseff. Num encontro com empresários, ontem, em São Paulo, o deputado disse que o PT está “abaixo do volume morto” — referência à declaração feita pelo expresidente Lula em junho, numa reunião fechada com religiosos, como revelou O GLOBO.
— Se a frase do ex- presidente Lula é de que o PT está no volume morto, acho que, para a sociedade, ele já baixou do volume morto. O que precisamos fazer é ver para o futuro. Eo futuro passa por esse debate todo que estamos fazendo, que a gente possa construir soluções que estejam em consonância com a sociedade. E não fazer do Congresso e do governo apenas uma pauta ideológica, corporativa e partidária — afirmou.
Cunha disse que a impopularidade do PT “consegue ser maior que a impopularidade de Dilma”:
— Talvez o PT tenha até arrastado a impopularidade dela mais para baixo do que poderia ser.
Cunha também afirmou que seu rompimento político com o governo foi “reação a uma covardia” e voltou a afirmar que seu posicionamento é pessoal.
— Eu não costumo reagir colocando a cabeça debaixo do buraco. A História não reserva espaço para os covardes. Eles não vão impedir o meu livre exercício da liderança parlamentar. Fui vítima de uma violência com as digitais definidas. Não podia me acovardar e não reagir — disse Cunha, em referência ao fato de ser investigado na Operação Lava- Jato, por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
Cunha não afastou a hipótese de acolher um eventual pedido de impeachment contra a presidente:
— ( Os pedidos de impeachment) Serão analisados sob a ótica jurídica. Os que tiverem fundamento terão acolhimento — disse o presidente da Câmara, para completar em seguida: — Impeachment não pode ser tratado como recurso eleitoral. Recurso eleitoral por você não estar satisfeito com aquele que foi eleito não é a melhor maneira. Não podemos transformar o Brasil em republiqueta.
“DIGITAIS” DO PODER EXECUTIVO
Questionado por um dos empresários que participavam do encontro sobre a quem pertenceriam essas digitais, respondeu:
— Basicamente, foi uma interferência do Poder Executivo, que todo mundo sabe que não me engole — disse o parlamentar.
Cunha também acusou o governo de “estimular a criação de partidos artificiais para tumultuar”, referindose à recriação do PL com a ajuda do ministro das Cidades, Gilberto Kassab ( PSD).
Na entrevista coletiva, dada após o almoço, Cunha não respondeu a perguntas sobre a investigação aberta no Supremo Tribunal Federal ( STF) sobre seu suposto envolvimento na Lava- Jato. Disse que foi orientado pelo seu advogado a não comentar o assunto.