Candidatos a procurador- geral prometem reforçar a Lava- Jato

 

Os candidatos a procuradorgeral da República manifestaram ontem intenção de reforçar e dar continuidade às investigações da Operação Lava- Jato sobre o envolvimento de deputados e senadores com a corrupção na Petrobras.

Os candidatos falaram do assunto, de forma direta ou indireta, durante debate realizado ontem na sede do Ministério Público do Trabalho, em Brasília, e em entrevistas logo depois.

Nas últimas semanas, políticos acusados de receber propina — como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDBRJ) — têm feito pressão para inviabilizar a eventual recondução ao cargo do atual procuradorgeral, Rodrigo Janot.

Janot falou sobre a importância da Lava- Jato sem mencionála diretamente. Ao explicar por que quer ser reconduzido ao cargo, ele explicou que, com isso, poderia concluir “projetos” já em andamento.

— Eu quero, se não terminar, encaminhar aquilo que comecei. Temos ótimos projetos em curso — disse Janot.

Em entrevista depois do debate, o subprocurador Mário Bonsaglia disse, se for escolhido para chefiar o Ministério Público, a Lava- Jato continuará investigando a corrupção na Petrobras sem interferências. Bonsaglia disse que, certamente, indicará mais procuradores da República para compor o grupo de trabalho que já está à frente da investigação.

— A Operação Lava- Jato prosseguirá sendo feita de maneira isenta — disse Bonsaglia.

Também depois do debate, o subprocurador- geral Carlos Frederico, outro candidato ao cargo hoje ocupado por Janot, disse que não costuma falar sobre agenda de investigação, mas que defende a punição dos envolvidos na corrupção na Petrobras. Disse também que, no caso específico da LavaJato, precisa analisar o que existe de provas contra os políticos e, a partir daí, adotar as medidas cabíveis.

A subprocuradora Raquel Dodge falou sobre a Lava- Jato de forma indireta. Ela disse que, recentemente, o Ministério Público Federal conquistou a atenção da sociedade e que, se for escolhida, “fará o esforço necessário para dar a resposta às expectativas do país”.

 

‘ O MP responde a provocações institucionais de forma corajosa’

 

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores, Robalinho Cavalcanti, disse que, desde o início da campanha para a sucessão interna, os candidatos a procurador- geral assumiram o compromisso com a instituição de levar adiante as investigações da LavaJato. Segundo ele, o veto de políticos a um ou outro candidato não terá o efeito de aliviar a situação de acusados de corrupção:

— Não haverá nenhuma mudança substancial ou acentuada na Lava- Jato. As investigações da Lava- Jato são uma missão constitucional do Ministério Público.

No debate, o procurador- geral, Rodrigo Janot, fez defesa enfática do MPF:

— O Ministério Público responde a suas provocações institucionais de forma corajosa, autônoma, independente e de forma responsável.

O processo de elaboração da lista tríplice de candidatos a comandar a Procuradoria começa no dia 5. As associações de cada ramo do MPF deverão fazer eleições internas para a elaboração da relação a ser apresentada à presidente Dilma Rousseff.